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Mineradora é multada em quase R$ 320 milhões após deslizamento em pilha de rejeitos em Conceição do Pará (MG)

Mais de 200 pessoas tiveram que buscar outros tipos de abrigos após os imóveis serem atingido direta ou indiretamente

Desde o ocorrido, o Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema) realizou diversas avaliações no local do carreamento dos materiais

O Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), multou a empresa Mineração Serras do Oeste, controlada pela Jaguar Mining, em R$ 319.439.738,57 após o deslizamento em uma pilha de rejeitos que afetou centenas de moradores de Conceição do Pará, no Centro-Oeste do estado.

O episódio ocorreu em 7 de dezembro de 2024 e provocou a movimentação de 750 mil metros cúbicos de material, atingindo uma área de, aproximadamente, 10 hectares, sendo 1 hectare de supressão de vegetação de Mata Atlântica/Cerrado.

De acordo com o último levantamento realizado pela Semad, mais de 200 pessoas tiveram que buscar outros tipos de abrigos como hotéis, casas de parentes e outras residências, após suas casas serem atingidas — direta ou indiretamente. Grande parte das vítimas são da comunidade de Casquilho de Cima. Até o dia 11 de dezembro, 678 animais foram resgatados.

“As atividades da empresa em Conceição do Pará estão suspensas, conforme determinação da Semad e da Agência Nacional de Mineração (ANM), a quem compete a fiscalização geotécnica das estruturas do local”, informou a pasta.

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‘Infração gravíssima’

A empresa foi enquadrada com base no Art. 80 do Decreto 47.383/2018, que trata das “multas simples cominadas às infrações gravíssimas previstas neste decreto, quando a infração for cometida por empreendimento ou atividade de grande porte e causar dano ou perigo de danos à saúde pública, ao bem-estar da população ou aos recursos econômicos do Estado”.

Além disso, a multa foi aplicada em seu valor máximo, dentro da faixa permitida pelo Decreto Estadual 47.383, uma vez que a empresa foi considerada reincidente devido a uma autuação anterior por extração de água sem autorização.

A empresa tem 20 dias a partir da cientificação do auto de infração para efetuar o pagamento da multa ou apresentar defesa à Semad.

Ainda vale lembrar que em 9 de novembro, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) pediu pela garantia das medidas de segurança, além de um plano de evacuação e o bloqueio de valores no montante de R$ 200 milhões.

Acesso à comunidade de Casquilho de Cima

A Jaguar Mining informou por meio de nota, em 3 de janeiro de 2025, que o acesso à comunidade de Casquilho de Cima não está autorizado, por tempo indeterminado, para segurança dos moradores.

Ainda conforme a empresa, já foi iniciado o planejamento para conceder acesso às pessoas realocadas aos seus imóveis para retirada de itens pessoais, de modo que aconteça de forma segura, ordenada e controlada à área interditada.

A companhia ressalta também que está trabalhando para realocar as famílias de Casquilho de Cima, que, atualmente, estão em hotéis e outros imóveis.

O outro lado

A Jaguar Mining esclareceu, por meio de nota, que foi notificada sobre a autuação do Governo de Minas, tomou conhecimento e irá se manifestar nos autos.

“A companhia ressalta que, poucas horas após o deslizamento da pilha de rejeitos/estéril, no dia 07 de dezembro, a empresa instalou georradares para monitorar o local. Também foram concluídas obras emergenciais de contenção da pilha de rejeitos/estéril, que incluíram a construção de um dique de contenção e de estruturas para a retenção de sedimentos de águas pluviais”, disse.

Desde essa data, a empresa alega que está trabalhando para realocar as famílias de Casquilho de Cima.

“Todas as pessoas cadastradas foram encaminhadas para hotéis e para imóveis alugados pela Jaguar. Pelo tempo que perdurar a situação, a empresa prestará todo o auxílio às famílias realocadas. Por segurança, o Comando Unificado de Operações - composto por autoridades municipais, estaduais e integrantes da Jaguar Mining - definiu que, por tempo indeterminado, o acesso à comunidade de Casquilho de Cima não está autorizado”, informou.

O comando está estudando alternativas para conceder acesso às pessoas realocadas aos seus imóveis.


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Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.