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Situação desumana de mãe com câncer terminal em Santa Luzia estarrece até policiais: ‘Deplorável’

Mulher de 32 anos cuida dos filhos sozinha com apenas R$ 500 por mês, já que não receber auxílio do governo

Mesmo doente, Estefani Renata diz que prioridade é cuidar dos filhos

O caso da mulher de 32 anos que luta contra câncer terminal nos seios e em uma axila comove até os policiais militares que atenderam a ocorrência. A dura realidade de Estefani Renata, mãe de cinco filhos, foi revelada nesse domingo (20), após a Polícia Militar (PM) ser acionada para uma denúncia de maus tratos contra crianças de 5 e 7, no bairro Kennedy, em Santa Luzia, na Grande BH. No entanto, ao chegar à casa, os militares encontraram uma situação desumana. Com anos de experiência na corporação, o sargento Anderson Borges, do 35º batalhão, se sensibilizou com a situação.

“Nós recebemos um disque-denúncia unificado, para verificar uma situação de maus tratos envolvendo duas crianças, de 5 e 7 anos. Entretanto, ao chegar no local, deparamos com uma situação totalmente deplorável. Uma residência sem condições de habitação humana, lixo acumulado, dejetos de alimentos por todos os lados, moscas, mosquitos, varejeiras e uma pessoa com situação de doença terminal, fazendo tratamento há um ano e meio e sem auxílio dos pais dos filhos, sem assistência do poder público”, descreveu o militar, que pediu autorização da vítima para ajudar e divulgar o caso à imprensa.

“Fizemos o nosso trabalho de Polícia Militar, representando o estado de Minas Gerais, mas também de assistência, com alguns órgãos competentes, com vocês da imprensa, para dar visibilidade, porque, ao que consta para nós e diante do que deparamos, são pessoas sem qualquer grau de instrução, sem informações, em que pese nós estarmos em pleno 2024”, disse o militar, que completou:

“É uma família que depende totalmente de ajuda daqueles que puderem ajudar, pessoas da sociedade, do poder público, nós enquanto pessoas e seres humanos”.

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História triste

Estefani conta que tem depressão, faz uso de medicamento e trata o câncer no posto de saúde. À TV Alterosa, ela revelou uma vida sofrida desde criança, com agressões físicas, psicológicas e sexuais. “Fome, vendo meus filhos chorando querendo comida, minha casa sempre desarrumada, eu não tendo condição. Doí demais. Queria uma vida melhora para os meus filhos”, disse a mulher, que não recebe nenhum auxílio do governo.

Mesmo doente, Estefani relatou à Itatiaia que a prioridade é cuidar dos filhos. ‘Eu não tenho condição financeira, não tenho condição para arrumar a casa, porque eu sinto muita dor. Com o pouco de dinheiro que meu marido ganha, eu compro comida para os meus filhos’.

Como ajudar?

Como a família de Estefani não possui telefone celular, os militares da Companhia 150º se colocaram à disposição para receber doações em seu nome. A companhia fica localizada na Praça Eurico Gaspar Dutra, no bairro Boa Esperança, em Santa Luzia.

A Itatiaia entrou em contato com a Prefeitura de Santa Luzia nesta quarta-feira (20). O prefeito Pastor Sérgio informou que a moradora é atendida pelo sistema de saúde e está em processo de regularização para ter acesso aos benefícios sociais. Ele também disse que deslocou uma equipe para acompanhar o caso e agilizar o processo.

A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia de Minas Gerais também foi procurada, mas ainda não se posicionou.


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Jornalista formado pela Newton Paiva. É repórter da rádio Itatiaia desde 2013, com atuação em todas editorias. Atualmente, está na editoria de cidades.
Jornalista formado pela Universidade FUMEC com ênfase em Gestão de Crises Institucionais. Na Itatiaia desde 2017, cobriu grandes eventos ligados à Igreja Católica, como a beatificação da mineira Isabel Cristina Mrad Campos e a morte do Papa Emérito Bento XVI, em 2022. Além de repórter, é produtor e editor do programa “Café com Notícia”