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Funkeiro que vendeu ‘iPhones de argila’ em BH é condenado, mas não deve ser preso

Investigado conhecido como ‘MC Dugaaoo’ foi condenado a quatro anos de prisão por extorsão com uso de arma e ameaça, mas vai recorrer em liberdade; funkeiro também deverá pagar R$ 13 mil de indenização

O funkeiro de 31 anos suspeito de vender ‘iPhones de argila’ para um casal na região do Barreiro, em Belo Horizonte, em fevereiro de 2024, foi condenado nesta segunda-feira (4) pelos crimes de extorsão e ameaça. Apesar da condenação, o réu, conhecido como ‘MC Dugaaoo’ não deve ser preso por enquanto, já que a Justiça permitiu que ele recorra do crime em liberdade (relembre o caso no fim da matéria).

A decisão foi assinada pelo juiz Vitor Marcos de Almeida Silva, da 4ª Vara Criminal de Belo Horizonte. O magistrado reconheceu a materialidade e a autoria do crime, além de trazer trechos de depoimentos da vítima durante a decisão. “O réu ficou de óculos escuros e permanecia de braços cruzados na altura da cintura; que o réu entregou as sacolas e, quando foi abrir uma das caixas, o réu falou ‘não precisa de abrir não, pois a arma está na cintura, pode fazer o Pix’; que em nenhum momento reagiu; que não desconfiou que poderia ter algo nas caixas; [...] o denunciado fez parecer que tudo fosse normal, pois ao final ainda deu um aperto de mãos; que quando entrou dentro de seu carro e abriu as caixas dos aparelhos, viu que se tratavam de argilas em formato de Iphone”.

De acordo com o trecho do depoimento incluído na decisão, ao ser procurado pelos compradores dos iPhones, o funkeiro teria levantado dados de familiares das vítimas e enviado mensagens de tom ameaçador, com ‘agora é que você vai ter problema’.

O acusado negou as acusações, disse que nunca teve arma nem esteve armado no local da negociação e que também não ameaçou as vítimas. Ele também alegou que não devolveu o dinheiro na hora, pois tinha que averiguar o que havia acontecido.

Apesar das alegações, o juiz decidiu condenar o funkeiro a quatro anos de reclusão e um mês de detenção, além de 10 dias-multa por extorsão e ameaça. Apesar da condenação, o réu vai iniciar o cumprimento da pena em regime aberto e vai poder recorrer em liberdade. Além disso, foi fixada uma indenização de R$ 13 mil que deve ser paga às vítimas.

Outro lado

A defesa vem a público manifestar sua inconformidade com a sentença proferida. Ressaltamos que a acusação não apresentou provas robustas que sustentem a condenação, baseando-se exclusivamente no depoimento das supostas vítimas.

Importante destacar que não foi encontrada nenhuma arma em posse do réu e em sua residência durante as buscas feitas pela PCMG, e as imagens das câmeras de segurança, anexadas ao processo pela defesa, demonstram de forma clara que a negociação entre as partes ocorreu de forma pacífica, sem indícios de qualquer ameaça ou coação.

Diante dessas inconsistências, a defesa já apresentou recurso de apelação junto ao juízo a quo e aguarda que a justiça seja eficaz na análise desse recurso, de modo que a sentença seja revista com a devida imparcialidade e fundamentação jurídica.”

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iPhones de argila

‘MC Dugaaoo’, de 31 anos, foi preso no dia 25 de abril pelo crime de extorsão, após vender ‘iPhones de argila’ para um casal na região do Camargos, em Contagem. O mandado de prisão preventiva foi cumprido durante a ‘Operação João de Barro’, pela Polícia Civil de Minas Gerais, no bairro Camargos, na região Noroeste da capital. O suspeito tem quase 300 mil seguidores nas redes sociais.

Segundo as investigações da equipe da 1ª Delegacia de Polícia Civil Barreiro, a vítima, de 36 anos, negociou a compra de dois celulares no valor total de R$ 13 mil anunciados pelo suspeito por meio de página de rede social. Ela entrou em contato com o vendedor e um ponto de encontro para a transação foi definido pelo investigado.

No dia do crime, em fevereiro deste ano, o funkeiro entregou as duas caixas lacradas à vítima, que, ao receber os produtos, quis conferi-los. Porém, quando tentou abrir uma das caixas, o investigado afirmou que ela não deveria tirar o lacre e começou a ameaçar ela e o companheiro dela, de 29 anos.

Segundo detalhes da ocorrência, o homem afirmou que estava armado e que a mulher deveria realizar o pagamento via PIX imediatamente. A vítima realizou a transferência do valor para a conta de um terceiro. Logo depois, o suspeito fugiu em um veículo. Após o golpe, o casal abriu as caixas e se deparou com dois iPhones feitos de argila.

Em coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira (25), os delegados da Polícia Civil Gislaine Rios e Gabriel Teixeira afirmaram que o suspeito negou o crime. A polícia afirmou que não há informações de outras vítimas. Após os procedimentos de polícia judiciária, o indivíduo foi encaminhado ao sistema prisional e está à disposição da Justiça.

‘O autor negou a autoria do crime, alegando que tinha desconhecimento do que se tratava. Mas, ele não quis devolver o valor repassado pela vítima e tirou o valor da conta bancaria logo que recebeu. Então, há vários elementos que caminham para o indiciamento do autor pelo crime de extorsão’, disse o delegado.


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Jornalista formado pela UFMG, com passagens pela Rádio UFMG Educativa, R7/Record e Portal Inset/Banco Inter. Colecionador de discos de vinil, apaixonado por livros e muito curioso.
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