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Técnico mineiro denunciado por racismo é acusado de agressão e cárcere contra alunos

Adolescentes também acusam treinador de handebol de Pompéu (MG) de importunação e assédio sexual; Conselho Tutelar acompanha caso

Vídeo viralizou nas redes sociais

Um treinador de handebol que foi denunciado por racismo após enviar um áudio com xingamento racista para um jogador adversário durante os Jogos Escolares de Minas Gerais (JEMG), em julho de 2023, agora é suspeito de ter agredido e mantido adolescentes em cárcere privado em Pompéu, na região Central de Minas. Parte das agressões foi filmada e o vídeo viralizou nas redes sociais.

A ocorrência registrada na última terça-feira (7) contra Francisco Júnior Corrêa Mota, de 32 anos, teve início após uma conselheira tutelar de Pompéu acionar a Polícia Militar. Segundo a conselheira, um adolescente que frequenta a Associação Esporte Solidário Gustavo Elias (Aesge) entrou em contato com ela e fez a denúncia das agressões, mas o assunto já estava circulando nas redes sociais.

Os militares foram até o local e encontraram 13 adolescentes, alunos de handebol de vários estados do Brasil, morando na residência. Os jovens confirmaram o conteúdo do vídeo e apontaram Francisco como o autor das agressões. Segundo eles, a vítima foi agredida após sair da casa para dar uma volta sem a autorização do treinador, que também é coordenador da equipe de handebol.

Enquanto os militares estavam no local, Francisco chegou e relatou que os jovens tinham problemas de indisciplina, incluindo até mesmo o uso de drogas. Sobre o vídeo que mostra o treinador agredindo um adolescente, ele afirmou que a cena retratava apenas uma ‘brincadeira que ele costuma praticar’. O adolescente agredido, porém, teria deixado o alojamento após o caso e dito aos amigos que não voltaria. Durante o registro da ocorrência, o treinador teria até mesmo mandado mensagens para alguns dos jovens.

Outros alunos relataram ter sofrido importunação sexual, assédio sexual e outros tipos de agressão física, como socos no rosto e batidas no joelho e no órgão genital com uma chave de roda. Os adolescentes foram deixados sob responsabilidade do Conselho Tutelar e levados para um abrigo de Pompéu. O treinador não foi preso por ausência de flagrante.

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Mãe lamenta agressões

A mãe do adolescente agredido conversou com a Itatiaia e afirmou que o caso é lamentável. ‘Os filhos da gente saem de casa em busca de um futuro melhor, viver coisas melhores, oportunidades, e se deparam com uma situação dessas, um horror. É agressão verbal, física, aliciamento’.

Em nota, o Conselho Tutelar de Pompéu informou que está em contato com a Secretaria de Desenvolvimento Social para que os adolescentes voltem para suas casas em segurança. O caso segue sendo acompanhado em sigilo.

Em nota, o advogado Leonardo Gontijo afirmou que seu posicionamento, neste momento, é no sentido de ‘ponderar que qualquer interpretação e conclusão sumariamente tomada a respeito de qualquer ocorrência policial que seja, pode se revelar uma medida um tanto quanto prematura e precipitada’. O defensor afirma que o treinador está à disposição das autoridades para esclarecer o caso. A nota também é assinada pelos advogados Alexandre Simão de Araújo e Paulino Gontijo Queiroz Cançado.

Denúncia de racismo

Em julho de 2023, Francisco Júnior Corrêa Mota foi investigado por conta de uma gravação enviada para um jogador do time de Sete Lagoas, que também disputava o torneio de handebol organizado pelo Governo de Minas. Na gravação, o treinador usa um xingamento racista e também ofende a cidade natal do jovem.

O treinador foi indiciado pela Polícia Civil e denunciado, junto com a Associação Esporte Solidário Gustavo Elias (Aesge), pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). A denúncia classifica o áudio como ‘racista, aporofóbico e gordofóbico’ e defende que a associação seja multada em R$ 150 mil e desfeita.


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Jornalista formado pela UFMG, com passagens pela Rádio UFMG Educativa, R7/Record e Portal Inset/Banco Inter. Colecionador de discos de vinil, apaixonado por livros e muito curioso.
Cursou jornalismo no Unileste - Centro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais. Em 2009, começou a estagiar na Rádio Itatiaia do Vale do Aço, fazendo a cobertura de cidades. Em 2012 se mudou para a Itatiaia Belo Horizonte. Na rádio de Minas, faz parte do time de cobertura policial - sua grande paixão - e integra a equipe do programa ‘Observatório Feminino’.