Apesar do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) ter pedido à Justiça a paralisação imediata da construção de uma ciclovia na avenida Afonso Pena, no Centro de Belo Horizonte, as obras seguiram normalmente nesta quarta-feira (3). A prefeitura afirma que não foi notificada sobre o pedido do MP.
O documento, construído pelas promotorias de Defesa do Meio Ambiente e Habitação e Urbanismo, e
O organizador do movimento “Pedalando Pela Vida e Pela Segurança”, Diocleciano Tomé, conhecido como “Gu”, diz que foi surpreendido pelo pedido do Ministério Público.
“Isso nos deixa muito tristes. A ciclovia da Afonso Pena é um marco para segurança de todos nós ciclistas. Ela garante uma interligação de várias regionais. Infelizmente a gente recebeu essa notícia da paralisação das obras, o que chateia a todos nós ciclistas”, comenta.
Quem passa pelo local, tem opiniões divididas sobre a obra. Uma moradora do entorno da Afonso Pena, que preferiu não se identificar, é contra a construção.
“Eu acho que vai atrapalhar muito o trânsito. Os ciclistas vão andar aqui só um sábado ou um domingo, eventualmente. Já tem tanta ciclovia. Esse povo só anda de bicicleta no fim de semana, ninguém tem tempo de ficar andando de bicicleta”, criticou.
A representante Taísa Carvalho também concorda que a ciclovia pode piorar o trânsito na avenida. “Nesse local aqui eu sou contra por causa do fluxo de veículos. Tem muito consultório, muita empresa aqui. Então, acho que é um pouco complicado. Em outros lugares eu sou a favor, mas aqui não”, disse.
Já para o jardineiro Wilson da Silva, a construção de um espaço reservado para os ciclistas vai beneficiar quem utiliza a bicicleta para se locomover pela cidade.
“Sou super a favor. Eu sou adepto ao esporte. Eu fui obeso, pesava 110 kg, e através da corrida eu consegui emagrecer. Eu pratico o ciclismo também. Para mim é mais viável ir para o trabalho e voltar de bicicleta porque é mais rápido que o ônibus”, explicou.
Trajeto entre praças
O plano de ter uma ciclovia na Afonso Pena faz parte de um projeto de requalificação do Centro da cidade. A iniciativa começou a sair do papel no ano passado. A ideia é ter, ao longo da cidade, cerca de 400 quilômetros de pista voltados ao deslocamento das bicicletas.
O itinerário da ciclovia começa na Praça Rio Branco, nas proximidades do Terminal Rodoviário Israel Pinheiro, e vai até a Praça da Bandeira, no fim da Avenida Afonso Pena. A reportagem acionou a Prefeitura de BH para obter posicionamento sobre as reivindicações do MPMG. O Executivo municipal informou ainda não ter sido notificado sobre o envio da petição à Justiça.
Em fevereiro, ao se encontrar com ciclistas favoráveis à instalação da faixa exclusiva para bicicletas, Fuad Noman defendeu a iniciativa.
“O plano diretor de Belo Horizonte prevê fazer até 400 quilômetros de ciclovias. Nós vamos fazer tudo o que for possível dentro do nosso mandato, claro, e a Afonso Pena é uma realidade. Nós vamos tirar o trânsito de bicicleta do meio dos carros, aumentando a segurança das pessoas”, falou, à ocasião.
Assim que notificada, a PBH informou que “demonstrará no processo que todos os aspectos legais necessários para a obra foram cumpridos.”
