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Bombeiro que matou policial em bar de BH é denunciado por homicídio e racismo

Naire Assis Ribeiro teria executado Wallysson Guedes por revolta ao descobrir que a vítima, um homem negro, era policial penal

Bar no Santa Tereza, região Leste de BH

O bombeiro militar Naire Assis Ribeiro, de 61 anos, foi denunciado pela morte do policial penal Wallysson Alves dos Santos Guedes, morto em um bar do bairro Santa Tereza, na região Leste de Belo Horizonte, em fevereiro de 2024. Além ser indiciado por homicídio triplamente qualificado, o bombeiro também foi apontado como autor do crime de racismo (relembre o caso no fim da matéria).

Segundo a denúncia do Ministério Público, Naire chegou ao bar em uma motocicleta e fez vários disparos, principalmente no tórax do policial penal. A motivação do crime seria intolerância racial, já que o bombeiro reformado teria ficado inconformado ao saber que Wallysson, uma pessoa negra, ser policial penal.

A vítima estava no bar junto com um filho e, por segurança, estava armado. O autor do crime, ao ver uma pessoa negra armada, ‘passou, de forma arrogante, a questioná-la sobre a situação’. Wallysson se identificou como policial, o que deixou Naire ainda mais irritado. Por conta do desentendimento, o policial pediu para o dono do bar guardar a arma para ele.

Racismo em ligação

Logo depois, o bombeiro reformado saiu do bar e ligou para a Polícia Militar, pedindo para que uma viatura fosse até o local porque um ‘negro haitiano’ estava armado no estabelecimento e se identificava como policial. A PM não enviou uma equipe ao local e, pouco depois, o autor voltou ao bar armado, executando Wallysson na sequência.

Naire foi indiciado por homicídio triplamente qualificado (‘motivo torpe’, ‘uso de meio cruel ou que possa resultar em perigo comum’ e ‘recurso que dificulte a defesa do ofendido’). A Itatiaia tenta contato com a defesa de Naire. A reportagem entrou em contato com o Corpo de Bombeiros e aguarda retorno. O espaço segue aberto.

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Relembre o caso

A Polícia Militar (PM) foi acionada na rua Tenente Freitas, 258, e encontrou a vítima sangrando muito e ainda respirando. O policial penal foi socorrido para o Hospital João XXIII, passou por cirurgia, mas não resistiu e acabou morrendo.

Testemunhas contaram à corporação que o policial e o bombeiro estavam bebendo juntos e que, em determinado momento, o bombeiro questionou o policial penal sobre o porquê dele estar armado. Assim, teria se iniciado uma discussão entre os dois.

Ainda conforme o relato de quem estava lá, o bombeiro saiu, foi em casa, buscou o revólver e atirou diversas vezes no policial penal, fugindo de moto logo em seguida. Contudo, os militares encontraram o suspeito. Ele foi preso e o revólver calibre 38. apreendido.

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Jornalista formado pela UFMG, com passagens pela Rádio UFMG Educativa, R7/Record e Portal Inset/Banco Inter. Colecionador de discos de vinil, apaixonado por livros e muito curioso.
Repórter policial e investigativo, apresentador do Itatiaia Patrulha.