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Mãe denúncia episódio de preconceito contra filha com síndrome de down em shopping: ‘falta de humanidade’

Episódio ocorreu no último sábado (25) em shopping em Betim, na Grande BH. A Polícia Civil investiga

Crianças gostariam de brincar no parque

Uma criança de 5 anos, que tem síndrome de down, foi discriminada e impedida de brincar em espaço infantil de shopping em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O episódio ocorreu no último sábado (25) e ganhou repercussão depois que a mãe, Meiriele Rabelo, de 39 anos, compartilhou nas redes sociais.

“Após o almoço, nós saímos de casa para passear com as meninas. Era pra ser um dia assim divertido, mas infelizmente aconteceu. Entramos no shopping, passeamos e fomos até o parquinho. Passando por lá, as meninas manifestaram vontade de brincar. Fomos consultar como funcionava”, disse ela à reportagem da Itatiaia nesta quinta-feira (30).

A mãe contou que, na recepção, onde havia duas funcionárias, questionou sobre valores e como proceder que as crianças brincassem no local. “Foi nesse momento que ela olhou para mim e perguntou: ‘ela tem síndrome de Down, né?’ Eu falei que sim. Ela respondeu que, nesse caso, eu e o pai deveríamos entrar para acompanhar a criança’”, relatou.

Meiriele questionou e a funcionária respondeu que era uma regra do parque para a entrada de crianças autistas ou com síndrome de down. “Ela disse que o parque pede que os pais acompanhem por motivo de segurança”, contou.

Ela ressaltou a lei brasileira da pessoa com deficiência que tem como o objetivo promover e assegurar igualdade. “Eu falei que isso não poderia estar acontecendo. Isso é uma total discriminação. Outras crianças podem entrar, brincar livremente como elas merecem e a lei determina. No caso da Laura, por ter uma deficiência intelectual, ela não poderia entrar sozinha”, disse.

Foi então que os pais pediram o número de registro da empresa. “A funcionária se negou e disse que ela teria que pegar a autorização do patrão”, disse. Foi então que acionaram a Polícia Militar e seguiram para a Polícia Civil.

“Eu classifico esse episódio como de total discriminação e desigualdade. É falta de humanidade, falta de conhecimento, de informação”, relatou.

Ela ainda ressalta que a luta pela inclusão é diária. “O meu grito não é por conta da Laura, mas é, também, pelas outras Lauras. É para outras famílias que estão passando por isso, é para as pessoas não têm informação e, às vezes, voltam pra casa frustrada com as suas crianças porque não deixaram entrar e brincar livremente.”, finalizou.

A Polícia Civil informou, por meio de nota, que recebeu a ocorrência e instaurou procedimento investigativo. Os envolvidos foram ouvidos.

“A investigação segue em andamento na 2ª Delegacia de Polícia Civil em Betim, apurando a prática de discriminação de pessoa em razão de sua deficiência, crime previsto no artigo 88 do Estatuto da Pessoa com Deficiência”, disse.

Em nota, a assessoria de comunicação do shopping afirmou que os fatos “estão sendo apurados para que possamos tomar as medidas cabíveis”, e que “O empreendimento zela pelo bem-estar de seus frequentadores, para garantir que tenham uma ótima experiência no mall, aproveitando as variadas opções de diversão, compras e gastronomia disponíveis”.

Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.