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Homem cai em ‘golpe do Pix’ em BH e tem prejuízo de R$8 mil: ‘Fiquei p* de raiva’

Mateus Gonçalves, de 29 anos, sofreu o chamado ‘golpe do Pix’ e teve um prejuízo de R$8 mil que ainda não foi revertido

Golpistas aplicaram o ‘golpe do pix’ em um cidadão de BH

Casos de golpes estão crescendo cada vez mais em Minas Gerais. Segundo dados da Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp-MG), de janeiro a novembro de 2023, foram registrados 129.157 casos de estelionato consumados. Entre esses casos, está o chamado ‘golpe do Pix’, que é feito pela transferência via Pix, o método de pagamento mais escolhido pelos brasileiros desde o ano passado.

O repositor de mercadorias Mateus Gonçalves, de 29 anos, foi uma das vítimas desse golpe. O morador do bairro Santa Mônica, em Belo Horizonte, sofreu o ‘golpe do Pix’ em março do ano passado e teve um prejuízo de R$ 8 mil, que ainda não foi revertido. Ele registrou ocorrência e entrou com um processo na Justiça pedindo R$ 20 mil. Dois golpistas são réus no processo, mas um deles ainda não foi encontrado pela Justiça. Por isso, a ação, que tramita na 33ª Vara Cível de BH, ainda não teve audiências.

Em entrevista à Itatiaia, Mateus contou que foi chamado por uma amiga no Facebook para falar sobre uma espécie de investimento em que ele precisava depositar uma certa quantia de dinheiro e, em seguida, recebia outra. Porém, o que ele não sabia era que o perfil dessa amiga havia sido hackeado, e ele conversava com golpistas.

“Ele me ofereceu para fazer um empréstimo de 1.000 e me devolvia 2.000. Como era uma pessoa de confiança [o perfil], não imaginaria que seria um golpe. E aí eu fiz o Pix de 1.000 reais, mas eles me mandaram uma mensagem falando que precisavam de mais 1.000 reais. Eu fiz [a transferência] de novo, mas quando fiz, suspeitei que seria golpe e comecei a questionar. Foi aí que ela me falou “você acaba de cair em um golpe”’, contou.

Ao saber do golpe, Mateus afirmou aos estelionatários que acionaria a polícia, mas foi impedido por eles. Os golpistas, então, pediram para que ele entrasse em uma chamada de vídeo e, dessa forma, o valor seria devolvido via Pix.

“Na hora que eles me ligaram, conseguiram ter acesso à minha conta. Ele me pediu a minha chave Pix para fazer o estorno do dinheiro. Eu achei que eles realmente iam me devolver esse valor. Na chamada de vídeo, não apareceu o rosto da pessoa. Parecia um escritório cheio de pessoas conversando, mas a tela estava tampada. Mas na hora que eu passei a chave Pix, eles conseguiram entrar na minha conta e conseguiram transferir o dinheiro que eu tinha”, lamenta a vítima.

“Ele falou ‘todo dia sai um bobo de casa e você foi esse bobo’. Eu tinha 6 mil reais na minha conta que era pra comprar um carro”
Mateus Gonçalves, vítima de golpe

Mateus tentou reaver o dinheiro, orientado pela Polícia Militar, mas não conseguiu. Ele, então, voltou à delegacia, fez boletim de ocorrência e entrou em contato com um advogado para acionar a Justiça. O B.O foi registrado por ele no dia 17 de março de 2023 e até hoje ele não teve o dinheiro estornado. “Estou no prejuízo até hoje. Perdi os R$ 8 mil e nada foi feito”, afirmou.

“Eu tô no prejuízo. Eu preciso desse dinheiro, desse reembolso. [...] Foi um dinheiro que foi suado, foi demorado pra conquistar ele. Fiquei p*** de raiva por isso. No outro dia, você acorda e vê que não tem nada na sua conta”
Mateus Gonçalves, vítima de golpe

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Golpistas estão se tornando ‘especialistas’ em golpes

Para o advogado Rômulo Brasil, especialista em direito do consumidor, com o avanço da tecnologia, os golpes on-line estão cada vez mais comuns e, consequentemente, os estelionatários estão se ‘especializando’ em aplicar golpes.

“Hoje com a expansão dos meios tecnológicos esse tipo de golpe está se tornando muito comum, e os estelionatários estão se tornando cada vez mais especialistas nisso. Todos os dias surge uma nova modalidade, um golpe novo, um golpe diferente, que nós sequer imaginávamos”, afirmou, em entrevista à Itatiaia.

População precisa desconfiar

Para o profissional, a ação mais efetiva para evitar golpes é desconfiar de chamadas e mensagens recebidas. ‘A fórmula secreta [para não tomar golpes] não existe. O que nós podemos fazer é desconfiar. O banco ligou querendo informação, senha? O banco não faz isso. Parente trocou de telefone? Desconfie, ligue no telefone antigo. Não tem outro caminho’, afirmou.

Se caiu no golpe, o ideal, segundo o advogado, é procurar autoridades cabíveis, como o banco, a Polícia Militar e a Justiça, em casos mais graves. “Reclamar, ir ao banco, isso tem que ser feito o mais breve possível, o mais rápido possível. E dependendo do caso, procurar através do poder judiciário para reaver o valor. Mas dependendo do caso, ganha ou não ganha a causa”, afirmou.

A depender do caso, uma ação criminal ou cível pode ser feita. Além dos estelionatários, o banco também pode responder caso seja comprovado vazamento de dados.

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Jornalista formada pela PUC Minas. Mineira, apaixonada por esportes, música e entretenimento. Antes da Itatiaia, passou pelo portal R7, da Record.