Você atende o telefone e, do outro lado, um atendente se apresenta como funcionário do Nubank e pede para reconhecer uma compra de alto valor que você não efetuou. Para cancelá-la, te orienta a repassar dados de cadastro. Ou então, alega que a conta foi clonada e pede dados para desativá-la. Ou, ainda, o atendente pede dinheiro e afirma que o banco estornará os valores. Pouco depois, você percebe que caiu no golpe da falsa central telefônica, e entregou dados de sua conta aos criminosos, que passam a retirar dinheiro.
Esta modalidade de estelionato, apesar dos alertas constantes, ainda fazem vítimas todo dia: somente em Belo Horizonte, em janeiro de 2024, a Itatiaia identificou em registros das polícias Civil e Militar que 142 pessoas caíram no golpe da falsa central com criminosos se identificando como funcionários do Nubank.
Em um dos casos que a Itatiaia teve acesso, uma cliente recebeu uma ligação de número com o prefixo 13, do interior de São Paulo. Conforme o boletim de ocorrência, o golpista se apresentou como gerente do Nubank e orientou o correntista a ligar para um número 0800 caso não reconhecesse a compra. Sem saber que ligava para uma falsa central, ela entrou em contato com o 0800, passou seus dados bancários e, em seguida, percebeu que um pix de R$ 200 saía de sua conta. Também apareceu uma compra de R$ 6,4 mil feita com o cartão de crédito. “Fiquei com o prejuízo e não tenho dinheiro para pagar essa dívida”, afirma a vítima.
Em outro golpe, o criminoso se passou por funcionário do Nubank para falar que o CPF de um correntista havia sido ‘hackeado’. Por isso, a conta no Nubank ‘corria o risco de ser ‘invadida’. Para comprovar seu ponto, o cliente foi informado que compraram um televisor em seu nome em uma rede nacional de eletrodomésticos.
“Conforme fui orientado pela pessoa se passando por funcionário do Nubank, transferi via PIX o valor de R$ 190 e, posteriormente, de R$ 1,3 mil. O falso funcionário me orientou que eu receberia o estorno assim que retirassem o risco da conta”, descreve o cliente que sofreu o golpe.
Polícia
Procurada pela Itatiaia para comentar o alto número de ocorrências, a Polícia Civil orientou os clientes a registrar ocorrência e a representar para que o caso seja investigado, mas não informou quantos procedimentos estão em andamento.
“Todo cidadão que tenha sido lesado deve comparecer à delegacia mais próxima de sua residência, munido de todas as informações e provas possíveis, que irão subsidiar a investigação. A Polícia Civil esclarece, ainda, que em se tratando de suposto crime de estelionato, a ação penal é pública e condicionada à representação da vítima, conforme previsão legal, para a instauração de inquérito policial”, diz a nota.
Resposta do Nubank
Consultado pela reportagem, o Nubank destacou medidas de segurança e reforçou que os correntistas entrem em contato somente pelos canais oficiais. Veja o posicionamento completo:
“O Nubank tem atuado consistentemente para conscientizar as pessoas sobre o uso indevido de seu nome por terceiros como parte de tentativas de aplicação de golpes financeiros. A companhia investe em campanhas de prevenção e alerta para a população geral, como por exemplo a #PareceMasNãoÉoNubank, assim como também apoia iniciativas da indústria, como a #TemCaraDeGolpe da ABBC.
Vale destacar ainda o Canal de denúncias, que permite o relato de suspeitas de fraudes e tentativas de golpe em que o nome da empresa tenha sido usado indevidamente por terceiros – um recurso disponível tanto para clientes como para não clientes do Nubank.
Para os clientes do Nubank, a empresa desenvolveu ferramentas como o Alô Protegido, que bloqueia automaticamente chamadas feitas por telefones que “camuflam” seu número para parecer que estão sendo realizadas da central de atendimento.
O Nubank reforça que também disponibiliza constantemente orientações de segurança no blog da empresa e no SOS Nu, uma central de conteúdo que informa sobre golpes mais comuns, como evitá-los e quais medidas tomar. Entre elas, destacamos:
Desconfie de ligações feitas para te ajudar com alguma atualização no aplicativo ou no seu internet banking. Atualizações de segurança são automáticas, e as instituições não ligam para os clientes para informar sobre elas;
Em caso de dúvidas, encerre a ligação e busque contato com a central de atendimento da empresa por meio de canais oficiais;
Se um suposto funcionário de banco te ligar dizendo que houve algum problema com alguma movimentação sua e que a operação precisa ser feita novamente, nunca transfira dinheiro para uma conta que você não conheça. O mesmo vale caso ele te peça para fazer uma transferência que irá cancelar outra;
Não instale nenhum aplicativo no seu celular ou computador a pedido do atendente sem ter certeza da origem dele;
Além disso, em caso de suspeita de compras indevidas no cartão de crédito, é recomendável que o cliente sempre consulte a fatura e as transações recentes no próprio app das instituições financeiras. Compras realizadas, negadas ou canceladas estarão sempre listadas no aplicativo. A instituição também não solicitará jamais que o cliente faça um pagamento ou transferência, incluindo leitura de QR codes ou uso de Pix copia e cola, como etapa de verificação ou atualização de segurança.”
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