Cinco anos após a tragédia da Vale que matou 272 pessoas em Brumadinho, familiares e comunidades afetadas pelo rompimento da barragem da mineradora se reuniram na manhã desta quinta-feira (25) para uma missa em homenagem às vítimas.
A celebração, que aconteceu no Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora do Rosário, em Brumadinho, foi marcada por cobranças por Justiça e revolta das famílias que perderam entes com o rompimento da barragem do Córrego do Feijão, da Vale.
Depois da cerimônia religiosa, presidida por Dom Francisco Cota e Dom Joel Maria dos Santos, foi seguida por uma passeata dos participantes até o letreiro da cidade - trajeto de cerca de um quilômetro.
“Há 30 anos eu cheguei em Brumadinho, vim para trabalhar na agricultura, plantamos horta, alguns irmãos ainda plantam. Meu irmão, que foi morto, não era funcionário da Vale, ele era agricultor. Desde o dia da tragédia começou nossa saga. A gente não tem sossego para nada, a gente não vive, não tem reparação, não tem água. A água está toda contaminada. Tejuco, Parque da Cachoeira, Monte Cristo, Córrego do Feijão … aqui não temos reparação, não temos Justiça, não temos nada. A agricultura em Brumadinho não existe mais. Não temos água”, conta Maria Aparecida.
Morador de uma aldeia vizinha ao Rio Paraopeba, o cacique Sucupira, do povo Pataxó Hã Hã Hãe, participou da cerimônia e falou sobre o impacto que o rompimento da barragem teve em sua tribo.
“Nós chegamos aqui em 2017 e em 2019, com o crime da mineradora Vale, ficamos sem o meio ambiente. E sem o meio ambiente não existe vida. Nosso projeto foi exterminado. Não temos mais como cultivar e pescar. Um crime sem valores. Dinheiro não compra rio limpo. Dinheiro não compra caça e pesca”, contou o indígena.
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