A forte chuva que atingiu Belo Horizonte nessa terça-feira (23), com muitos raios e ventos de até 86km/h, causou estragos, enchentes e falta de energia em todas regiões da cidade, assustando a população.
Apesar de acostumadas com esse tipo de evento no mês janeiro, o cenário intriga as pessoas que buscam respostas para os sucessivos problemas enfrentados na capital mineira nesta época do ano.
Em entrevista à Itatiaia, o professor de geografia Lucas Oliver explica que o fenômeno é “comum” durante o verão e que as fortes chuvas já eram previstas por especialistas.
“A gente já tinha um alerta da Defesa Civil de chuva forte, porque no litoral do Sudeste, entre o norte do Rio de Janeiro e o Espírito Santo, se formou no final da tarde de ontem (23) uma área de baixa pressão que possibilita a queda de fortes tempestades”, explicou Lucas Oliver.
O professor alerta para o fato da chuva ter caído em todas as regiões de Belo Horizonte, o que aumenta o potencial de enchentes nas cidades.
“No Oeste, a região que mais choveu (em BH), houve um acúmulo de mais de 90 milímetros. Chuvas acima de 50 milímetros, num intervalo de menos de uma hora, como ontem (23), causam inundação, porque não dá tempo de escoar essa quantidade de água de cai”, acrescentou.
No entanto, o professor destaca que, por mais que fosse possível escoar essa quantidade de chuva, esse padrão é passível de inundação.
Na avenida Ministro Oliveira Salazar, no bairro Santa Mônica, na região de Venda Nova, moradores ficaram ilhados em suas casas.
O professor explica que algumas regiões de Belo Horizonte, como a barragem Santa Lúcia, foram construídos sobre os afluentes fluviais, que propiciam a ocorrência de enchentes e alagamentos nas ruas e avenidas.
“O bairro Santa Mônica tem dois córregos que se reúnem na avenida 12 de Outubro: o Córrego Lareira e o Córrego Marimbondo. Esses são córregos canalizados há muito tempo, mas passam por debaixo da rua”, disse.
“Nesse tipo de chuva extremamente forte que caiu ontem (23), esses lugares obviamente vão inundar, porque eles são rios”, destaca.
A rua Michel Jeha, no bairro São Bento, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, carros foram arrastados pela água e se amontoaram na Barragem Santa Lúcia, nessa terça-feira (23).
“Essa é uma região que historicamente alaga (o bairro São Bento), porque os rios transbordam. Em uma chuva forte como essa (que atingiu BH ontem), não há muito o que se fazer”, explica Lucas Oliver.
A barragem Santa Lúcia está localizada no Córrego do Leitão, um afluente do Rio Arrudas que corta Belo Horizonte, e foi construída para controlar as cheias e fornecer água para a cidade.
Hoje em dia, a Defesa Civil de Belo Horizonte emite alertas com antecedência sobre o risco de alagamento em todas as regiões da cidade.
O professor Lucas Oliver lembra a população para ficar atenta nas redes da PBH e da Defesa Civil durante as tempestades, como a que atingiu BH ontem (23).
Confira o acumulado de chuva que atingiu Belo Horizonte nessa terça-feira (23):
- Oeste: 86,6 (26,2%)
- Pampulha: 76,6 (23,1%)
- Centro Sul: 68,0 (20.6%)
- Venda Nova: 57,2 (17,3%)
- Leste: 53,6 (16,2%)
- Nordeste: 46,0 (13,9%)
- Barreiro: 44,7 (13,5%)
- Noroeste: 43,8 (13,2%)
- Norte: 38,4 (11,6%)
Alerta
A previsão foi confirmada pelo subsecretário de prevenção e Defesa Civil de Belo Horizonte, Valdir Figueiredo.
A Defesa Civil de BH também emitiu um alerta para chance de deslizamento nas regisões de Venda Nova, Barreiro e Nordeste até a próxima sexta-feira (26).
Segundo o metereologista do Climatempo Ruibran dos Reis, as condições climáticas estão favorecendo a formação de novas chuva nos próximos dias.
“A pressão atmosférica está ainda muito baixa no litoral entre o Rio de Janeiro e o Espírito Santo. Então vai convergir muita humildade, o que favorece a formação de novos temporais até o final de semana”, explica.
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