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Suspender aulas para conter casos de amigdalite faz efeito? Infectologista responde

Quatro municípios do Campo das Vertentes suspenderam as aulas para desinfecção das escolas

Mais de 130 crianças foram atendidas na Upa de São João del-Rei em três dias

Quatro municípios de Minas Gerais suspenderam as aulas diante dos possíveis casos de infecções de crianças com a bactéria Streptococcus pyogenes, que são investigados pela Secretaria de Saúde de Minas Gerais (SES-MG). Tiradentes, Santa Cruz de Minas, São João del-Rei e Conceição da Barra, no Campo das Vertentes, paralisaram as atividades para realizar desinfecções nas escolas.

Até o momento, mais de 130 crianças foram atendidas na Upa de São João del-Rei em três dias — entre sábado (21) e terça-feira (25), todas com sintomas de amigdalite. Além disso, o SES-MG, confirmou um caso de infecção com a bactéria Streptococcus A. Além disso, outras quatro estão internadas com febre, vômito, manchas ou erupções na pele.

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A Secretaria de Saúde de São João del-Rei, no Campo das Vertentes, comprou 3.700 testes rápidos para serem usados em crianças com sintomas de doenças causadas pela bactéria Streptococcus do grupo A. A compra foi realizada na terça-feira (24), e devem chegar em até cinco dias.

O médico infectologista e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Estevão Urbano, conversou com a reportagem da Itatiaia sobre as medidas adotadas por São João del-Rei e cidades vizinhas. Confira:

Conversa com o especialista

A bactéria Streptococcus pyogenes é contagiosa?

“A bactéria pode ser transmissível principalmente pelo contato direito, ou contato íntimo, que é a forma mais provável de transmissão entre as pessoas, mas nem sempre é isso. As vezes as pessoas já tem o Streptococcus no corpo sem que ele cause qualquer manifestação clínica. O que pode ter acontecido é que a bactéria, tão conhecida e tão comum, pode ter se tornado mais agressiva através de uma mutação e ela começa a causar casos severos.”

A suspensão das aulas, mesmo que preventiva, é uma medida eficaz?

“A medida é controversa, ela é mais adotada mediante um problema que gera casos graves e cause certo pânico. Há uma tendência nesses casos de você pecar pelo excesso. O impacto desse distanciamento das pessoas e das higienizações das escolas é questionável, pode ter como também pode não ter, sempre deve ser medido o ‘risco x benefício’, pesando os prós e contras, mas é aceitável em situação de crise. O mais importante é se esgotarem os esforços para tentar identificar a fonte da bactéria e fazer o tratamento em cima dela. No caso de pessoas contaminadas, o isolamento desses pacientes até que eles não sejam mais portadores e transmissíveis e assim por diante. Por tanto, essa medida é mais uma prevenção excessiva até que tenhamos uma explicação plausível com medidas focadas para o controle.”

São João del-Rei comprou 3.700 testes rápidos, este número é suficiente?

“Este número de testes é alto, mas se ele será suficiente ou não, só o tempo dirá. É possível que se aparecerem mais casos, novos testes deverão ser feitos e vice-versa, mas acredito ser um número bastante expressivo até pelo pouco número de dias.”

O uso de testes rápidos é indicado?

“O teste é uma medida rápida e eficaz para identificar pessoas e ambientes que portem essa bactéria e, sendo identificados os portadores, as medidas de contenção são tomadas de formas mais eficaz. É um teste que é bem indicado nesse tipo de situação.”

Formado em Jornalismo pelo UniBH, em 2022, foi repórter de cidades na Itatiaia e atualmente é editor dos canais de YouTube da empresa.