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Eclipse solar: pelo menos cinco pessoas tiveram danos graves na visão em BH

Os pacientes são jovens de 10 a 20 anos e procuraram a Santa Casa de BH; eles sofreram danos na retina causados pela exposição ao eclipse

Observar o eclipse solar anular sem proteção causa danos aos olhos

Mesmo após uma série de recomendações de especialistas sobre os cuidados necessários para observar o eclipse solar anular que aconteceu no último sábado (14), pessoas arriscaram olhar para o Sol sem proteção. De domingo (15) até esta quinta-feira (19), cinco pessoas procuraram a Santa Casa BH, no bairro Santa Efigênia, na região Leste de Belo Horizonte, para atendimento com problemas graves de visão.

Luis Felipe Carneiro, médico oftalmologista com foco em casos complexos de Retina Clínica e coordenador do Ambulatório Especializado de Oftalmologia Santa Casa BH, disse à reportagem da Itatiaia que todos os pacientes são crianças e jovens de 10 a 20 anos que deram entrada com quadro grave de maculopatia solar.

“O primeiro atendimento ocorreu em menos de 24h, quando o paciente chegou dizendo haver uma mancha preta no centro da visão dos dois olhos. Depois disso, recebemos pacientes todos os dias e estão, cada vez, chegando mais”, disse. Nenhum deles tinham problemas de visão até então. “Ficaram com sequela”, acrescentou.

Observar o Sol, sem proteção, pode causar danos aos olhos humanos. E durante um eclipse solar, o risco aumenta. Durante o evento, a cobertura da Lua torna muito menos doloroso observá-lo por mais tempo. E, por isso, as pessoas se sentem tão tentadas a encarar o fenômeno diretamente.

Manchas na visão

“As consequências de olhar para o Sol ou para o eclipse não têm diferença. O que acontece é que, como o Sol está aí todos os dias, ele não é um atrativo. Quando ocorre o eclipse, temos ondas UVA, UVA, UVB e UVC, que entram nos olhos e queimam a célula da retina”, explicou.

Segundo ele, os primeiros sinais de danos à retina surgem após um ou dois dias, quando a visão pode ficar embaçada. “A pessoa fica com uma baixa de visão e uma manchinha no centro que chamamos de escotoma central”, acrescentou.

Portanto, a recomendação é de que, nessa condição, a pessoa procure um médico o mais rápido possível para avaliação. “Se você identificou essa mancha no centro da visão, tem que vir ao médico para fazermos uma tomografia”, explicou. O especialista explica não haver cura para a retinopatia solar, que pode melhorar ou piorar, mas é uma condição permanente. “A gente consegue diminuir o tamanho da mancha, mas não consegue tratar em definitivo”, finalizou.

A Itatiaia entrou em contato com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) que informou que, até o momento, não houve notificação desse tipo de registro no sistema de saúde municipal. A reportagem aguarda o retorno da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG).

Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.