Um estudo realizado pelas universidades federais de Juiz de Fora (UFJF) e de Pernambuco (UFPE) revelou que o número de crianças mortas por doenças respiratórias em Minas Gerais caiu nas últimas duas décadas. De acordo com o levantamento, o maior número de óbitos foi registrado em 2000, enquanto o menor foi em 2020.
O estudo analisou dados de óbitos de crianças com menos de 12 anos de idade por doenças infecciosas respiratórias no estado de Minas Gerais, de janeiro de 2000 a dezembro de 2020. Os pesquisadores identificaram 4.688 registros de mortes, com uma média anual de 223 falecimentos.
Os especialistas apontam que a queda no número de óbitos podem estar relacionadas com as políticas públicas de saúde implementadas no país, principalmente durante o auge da pandemia do coronavírus no território brasileiro. Outro ponto citado na pesquisa é a universalização das imunizações infantis, que auxiliou a aumentar a cobertura vacinal e a diminuir os óbitos por doenças infecciosos.
De acordo com Waneska Alexandra Alves, pesquisadora da UFJF, o percentual de óbitos causados por agentes virais saltou de 5,1% em 2019 para 29,5%. A possível causa disso seria a atualização dos casos ‘não especificados’ como causados por infecção por coronavírus ou infecção sistêmica.
“Em 2020, ganharam relevância as manifestações sistêmicas das infecções respiratórias, que, além de afetarem o aparelho respiratório, afetam também outros órgãos. E Covid-19 é sistêmica”, explica.
Dos quase 4.700 óbitos registrados de 2000 a 2019, 85% não tinham especificação se a doença respiratória foi causada por vírus, bactéria ou fungo. Mesmo com a queda, a especialista alerta que não é hora de ‘relaxar’.
“A análise de tendência temporal aponta para uma redução do registro de mortes pelas infecções respiratórias, mas isso não é motivo para relaxarmos em relação ao cenário epidemiológico, pois estamos falando de evento letal muito importante que poderia ser evitado na maioria das vezes”, completa.