Um protesto contra a falta d'água no bairro Recanto Verde, em Esmeraldas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, terminou em confusão entre um morador e o vice-prefeito da cidade, na noite da última terça-feira (26). Um vídeo flagrou o momento da briga. O morador, que se auto intitulou líder da manifestação, foi detido pela Polícia Militar e alega ter sofrido violência por um tenente, que estaria à paisana e sem farda.
Segundo o boletim de ocorrência, cerca de 40 pessoas bloquearam os dois sentidos da rodovia LMG-808, na altura do km 11, no bairro Novo Retiro. Os manifestantes atearam fogo a pneus e pedaços de madeira para reivindicar o acesso à água.
De acordo com os moradores da região, eles estavam há cinco dias sem o serviço. Apesar de inúmeros pedidos para a Copasa, até a noite de terça o abastecimento ainda não tinha sido reestabelecido. Após o fim da manifestação, o grupo se dirigiu à casa do vice-prefeito Rodrigo Eduardo Sampaio Araújo (PSDB) para cobrar providências da Prefeitura.
Vice-prefeito perseguiu morador após discussão
Assim que o grupo chegou à porta da casa de Araújo, os manifestantes relatam que houve uma confusão. “Ele (o prefeito) já saiu para fora perguntando o que estava acontecendo e quem era o líder da manifestação. Nós dissemos que a gente tinha ido em busca de uma resposta da água. Ele falou assim: ‘Aqui não é a Copasa. Eu não trabalho para a Copasa’. Quando o rapaz disse que era o líder, o prefeito tentou dar um soco nele”, disse Jéssica Tomás, que estava presente no protesto.
Por questões de segurança, o morador envolvido na briga não será identificado nesta reportagem.
Nas imagens, é possível ver o momento em que o morador revida e dá um chute em Araújo, o derrubando no chão. O vice-prefeito, então, se levanta e começa a perseguir o morador, que corre em direção aos policiais.
Em depoimento à Polícia Militar, Araújo disse que estava em sua residência descansando com a família, quando foi surpreendido pelos manifestantes em seu portão. Ele disse que as pessoas gritavam “vou tacar fogo, queremos água!”. Ao sair para tentar resolver a demanda da população, ele teria sido agredido por um morador com uma “voadora”.
Em entrevista à Itatiaia, o morador alegou que o político o ameaçou e disse “que iria matá-lo”. “Quando o prefeito chegou próximo a mim, achei até que ele ia conversar comigo. Mas, ele já foi tentando me desferir um soco. Graças a Deus eu consegui desviar e a minha reação foi dar um chute nele. Eu simplesmente corri para ele não me agredir. Ele estava me ameaçando, dizendo que ia me matar. Eu corri para o lado da viatura como uma forma de pedir ajuda”, relatou.
Segundo a Polícia Militar, tanto o morador, quanto o vice-prefeito recusaram atendimento médico. A PM ainda disse no Boletim de Ocorrência que precisou usar spray de pimenta para dispersar a aglomeração de pessoas.
Morador alega ter sido agredido por tenente à paisana
Após a confusão, a PM deu voz de prisão para o morador e o levou para um ponto de apoio da corporação, em Esmeraldas. O morador alega ter sido agredido por um homem que disse ser um tenente da Polícia Militar, mas não estava fardado.
“Eu não sei de onde ele surgiu, mas ele foi com a gente até a base e todos o chamavam de tenente. Quando ele viu que eu já tinha passagem pela polícia, ele começou a me xingar, me chamar de bandido. Chegando lá, ele ficou me açoitando, deu tapas na minha cara, apertou meu pescoço enquanto eu orava”, contou.
O morador diz que não sabe o nome do tenente que cometeu as agressões. “Ele ficou me desenhando como bandido, sendo que minha vida é só trabalhar. A gente estava lá para reivindicar a água. Está insalubre ficar sem água nesse calor”, afirmou.
A Prefeitura de Esmeraldas e a Polícia Militar foram procuradas, nessa quarta-feira (27), pela reportagem para se posicionar. Até o momento desta publicação, não houve retorno.