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Aeroporto em SP está de olho em ‘carros voadores’, e novidade pode chegar a BH

Empresa responsável pelo Campo de Marte se prepara para atrair mercado de eVTOLs; especialista explica que pistas de Belo Horizonte podem receber novidade

Carro elétrico

Os carros voadores já não são tão futuristas quanto parecem ser. Com a expectativa de que os primeiros veículos elétricos de pouso e decolagem vertical (eVTOL, em inglês) feitos pela Embraer entrem em operação já em 2026, já existem aeroportos se preparando para esta novidade.

O Aeroporto Campo de Marte, na Zona Norte de São Paulo e próximo ao Terminal Rodoviário do Tietê, já está de olho no mercado de carros voadores. O aeroporto é administrado pela PAX, empresa que é controlada pela XP Asset Management, maior grupo de investimentos do país.

O uso dos carros voadores ainda não é permitido pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), mas o Campo de Marte já se prepara para oferecer as melhores condições para atrair essas aeronaves e se colocar em um mercado promissor.

“Esses veículos podem revolucionar o transporte urbano e são uma grande aposta da indústria aeronáutica. Campo de Marte tem tudo o que esse novo modal vai exigir. Queremos abrigar o primeiro voo de eVTOL em São Paulo”, explica o CEO da PAX Aeroportos, Rogério Prado.

Carros voadores em BH

Oficialmente, nenhum aeroporto de Belo Horizonte fala sobre o uso de carros voadores, mas essas aeronaves podem chegar à capital mineira nos próximos anos. É o que explica Kerley Oliveira, coordenador e professor do curso de Aviação da Una e Especialista em Aviação pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).

Segundo o especialista, qualquer aeroporto, aeródromo ou heliponto poderia, a princípio, receber carros voadores. Mas o uso desses veículos deve ser afetado por regras e legislações que ainda vão ser definidas pelas autoridades.

“O piloto precisaria ter o curso dessa aeronave específica. Além disso, é preciso que a aeronave passe por vários testes de certificação da Anac para comprovar que ela é segura.”

O Aeroporto Carlos Prates, desativado pelo Governo Federal em abril de 2023, poderia ser um ponto especializado no uso desses veículos. Estevan Velasquez, presidente da associação Voa Prates e diretor de uma escola de aviação, afirma que a administração do Carlos Prates já havia apresentado um projeto neste sentido em junho de 2022.

O requerimento sugeria a implantação do BH Aerotrópolis, um centro especializado em uso de aeronaves de alta tecnologia, como carros voadores (tripulados e não tripulados) e também drones. Estevan afirma que Belo Horizonte poderia ter sido pioneira no uso dos carros voadores, mas acabou ficando para trás.

“A expectativa é que, em 2 anos, esses veículos se tornem realidade, se tornando uma opção acessível, rápida e não poluente. Perdemos em várias frentes, como mobilidade urbana, criação de postos de trabalho e a modernização da cidade. O Carlos Prates seria um polo tecnológico aliado ao social e perdemos o único local preparado para receber isso imediatamente”, explica Estevan.

O terreno do Aeroporto Carlos Prates também apresenta uma vantagem que também é observada no Campo de Marte: a localização privilegiada, podendo ser um ponto de conexão para vários pontos da Grande BH.

O que são carros voadores?

Kerley Oliveira, coordenador e professor do curso de Aviação da Una e Especialista em Aviação pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), explica que os VTOLs são aeronaves que têm a capacidade de pousar e decolar de forma vertical, assim como um helicóptero. Outro ponto importante é o uso das baterias no carro dos veículos voadores elétricos (eVTOL), trazendo um ponto positivo para o meio ambiente.

“Apesar de nós termos o helicóptero, a ideia é que o VTOL seja uma aeronave mais silenciosa e eficiente. Você dividiria em vários motores e conseguiria diminuir o ruído, além de levar mais pessoas.”

Em relação à segurança, Kerley explica que essas aeronaves vão estar sujeitas às legislações que já existem, mas algumas provavelmente precisariam ser adaptadas. Para o especialista, a questão mais sensível é o uso de aeronaves automatizadas ou operadas remotamente.

“Temos que prestar muita atenção na legislação relacionada a isso. Existem projetos em que a aeronave é pilotada remotamente, como em muitos drones militares, ou em que a máquina é totalmente independente. Isso é um ponto muito sensível que a gente precisa sentar e debater.”

Jornalista formado pela UFMG, com passagens pela Rádio UFMG Educativa, R7/Record e Portal Inset/Banco Inter. Colecionador de discos de vinil, apaixonado por livros e muito curioso.