Pelo menos três entregadores tentaram derrubar o portão da casa dos suspeitos de agredir um motoboy, de 22 anos, enquanto fazia entrega de comida por aplicativo no bairro Caiçara, na região Noroeste de Belo Horizonte. Deste o início da manhã desta quarta (16), trabalhadores protestam no local.
O motoboy agredido contou, por meio de vídeos divulgados em grupos de mensagens de entregadores, que, por volta das 13h dessa terça-feira (15), foi até um restaurante especializado em feijoada para buscar um pedido. Em seguida, recebeu outra solicitação.
“Chegando lá, vi que a entrega estava agarrada e que não ia dar para pegar o pedido da Petz. Então, desloquei para adiantar o lado dos caras do iFood, para não agarrar com o pedido, entendeu?”, contou. Ao estacionar no endereço do cliente, o trabalhador disse que o jovem saiu da casa nervoso: “o cara já saiu boladão”.
Foi nesse momento que o entregador teria pedido o código de confirmação. “Falei que eu não podia entregar o pedido sem pegar o código”, disse. Contudo, o cliente insistiu. “Ele já começou a se alterar e eu guardei o pedido no bolsão. Ele veio querendo abrir e eu o repreendi, dando um tapa na mão dele”, lembrou.
Assim, a discussão começou. Mas a situação se agravou quando o cliente chamou pelo pai. “Ele já veio para a via de fato, já veio para cima de mim”, disse. Em um vídeo gravado por testemunhas, é possível ver que um dos envolvidos usa uma muleta para bater na vítima, que sofreu um corte na mão. Outras três mulheres também se envolveram nas agressões.
O cliente acusou o entregador de tentar roubar o lanche. “
Dois suspeitos, pai e filho, foram conduzidos pela Polícia Militar e encaminhados à delegacia. Policiais foram para a porta da casa, assim como cerca de 10 entregadores que estavam na região acompanhando os trabalhos dos agentes.
Em nota, a Polícia Civil informou que peritos estiveram no local para coletar amostras que serão usadas nas investigações. “Eles foram ouvidos pela Central Estadual do Plantão Digital e foram liberados após a assinatura de um termo de compromisso de comparecimento ao Juizado Especial Criminal”, informou.
Outra versão
Por meio de nota, o advogado Flavio Amaral dos Santos, que representa pai e filho, disse as agressões relatadas tiveram início por parte do entregador.
“Salientamos que não se tratam de pessoas violentas e agirão em conformidade com a defesa de seus direitos e integridade física. Repudiamos veementemente qualquer manifestação violenta e esperamos contar com o apoio das forças de segurança para lidar com os ataques que temos enfrentado desde o incidente”, afirmou. Veja a nota na íntegra:
“Em relação aos recentes acontecimentos envolvendo o incidente reportado no boletim de ocorrência, declaramos que as informações fornecidas pelas partes envolvidas foram meticulosamente avaliadas e se mantêm fielmente à verdade em relação à versão dada por Bruno de Oliveira Lacerda e Daniel Paiva Lacerda.
É importante esclarecer que as agressões relatadas tiveram início por parte do entregador, conforme detalhadamente registrado. Ressaltamos nosso compromisso com a integridade e a veracidade dos fatos, reiterando que não são adeptos da violência e acreditamos no funcionamento adequado das instituições policiais e judiciárias para a apuração imparcial dos acontecimentos.
Salientamos que não se tratam de pessoas violentas e agirão em conformidade com a defesa de seus direitos e integridade física. Repudiamos veementemente qualquer manifestação violenta e esperamos contar com o apoio das forças de segurança para lidar com os ataques que temos enfrentado desde o incidente.
Confiamos no devido processo legal e nas instituições responsáveis por administrar a justiça, confiando que os fatos serão esclarecidos de maneira imparcial e justa. Agradecemos antecipadamente por respeitar nossa privacidade durante esse período delicado.
Estamos à disposição para mais informações e colaboração na medida em que o processo de investigação se avança”.
*com informações de Felipe Quintella e Célio Ribeiro