Comprar no exterior não é bom apenas para consumidores, muitos empresários brasileiros também fazem negócios fora do país.
Pedro Paulo Drummond começou a vender roupas em 1985. Nestes quase 40 anos de trajetória, houve muito crescimento. São quase 200 lojas em 21 estados brasileiros. A grande maioria dos produtos vendidos nas lojas Companhia do Terno vêm do exterior, principalmente da China.
“Este ano, a previsão é de que em torno de 78% [dos produtos] sejam importados. Desse total, em torno de 70, 75% vem da China. No ramo de roupas, vestuário e moda, somos o maior contribuinte de Minas Gerais de impostos estaduais e de impostos federais, há 18 anos consecutivos. Este ano, temos uma previsão [de pagar] em torno de R$120 milhões de importação”, conta.
“Nós pagamos de Imposto de Importação 60% a mais que o valor comprado. Esses 60% incidem também sobre o valor do frete. Então, temos mais um acréscimo de 3%. Além disso, pagamos no desembaraço mais 18% de ICMS para o estado de Minas Gerais. Se a gente não pagar, não conseguimos nem retirar a mercadoria do porto”, explica.
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Do outro lado da balança comercial está a empresária Isabela Felga, de 31 anos. A loja da sua família existe desde 1987. A PMG by Felga confecciona roupas e exporta o produto 100% nacional para outros países. Hoje, o negócio já tem cinco lojas e 75 funcionários.
“Eu produzo lingerie, pijama, camisola, toda essa linha dia e noite. A gente é muito forte aqui em Minas Gerais e exporta para a América do Norte, Europa e alguns pedaços da Ásia, como o Japão e Tailândia. Nós começamos com a exportação justamente porque aqui no Brasil já estava complicado com o dólar alto. Eu vendo um produto de muita qualidade e com um preço bacana”, esclarece.
Impactos para a indústria nacional
Na última terça-feira (1°), as
Estas condições, consideradas pela indústria e pelo comércio do Brasil como especiais, favorecem as empresas estrangeiras. Segundo dados apresentados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a mudança pode fechar até 500 mil postos de trabalho no Brasil. A instituição afirma que pedirá a ao governo federal a suspensão das novas regras.
“Nós somos a favor que todas as compras do exterior, independente do valor, sejam tributadas. Nossas empresas são tributadas e, agora, nós liberamos para importação até 50 dólares. Trabalhando contra a indústria pequena e média indústria brasileira”, argumenta o presidente da CNI, Robson Andrade.