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Babá registra ocorrência, e Polícia Civil abre investigação sobre suposta tentativa de sequestro de criança

Babá conta à PM o que viu na Praça Floriano Peixoto

Babá diz que não tem como confirmar que o fato presenciado por ela foi tentativa de sequestro

A suposta tentativa de sequestro que teria ocorrido na praça Floriano Peixoto e inicialmente foi tratada como falsa pela Polícia Militar e pela Guarda Municipal será investigada pela Polícia Civil. Isso porque, na última quinta-feira (20), a mulher que relatou ter presenciado a ação registrou um boletim de ocorrência, dois dias após o fato.

A mulher, que trabalha como babá, relatou no documento ter presenciado uma situação estranha envolvendo um homem e duas crianças na praça do bairro Santa Efigênia, região Leste de Belo Horizonte, mas destacou não ter como afirmar que houve uma tentativa de sequestro. Primeiro, a criança de quem ela cuidava foi abordada por um homem não identificado. O homem também teria tentado abordar outra criança. Assustada, a mulher relatou os fatos à mãe que a contratou que, por sua vez, gravou o áudio viralizado em grupos de Whatsapp.

Agora, com o registro formal da ocorrência, a Polícia Civil vai investigar o caso.

“Sobre os fatos ocorridos na Praça Floriano Peixoto, na capital, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informa que uma ocorrência foi registrada ontem – quinta-feira - (20/7) por uma mulher, de 35 anos, que no momento cuidava de uma criança. Nenhuma linha de investigação é descartada. A PCMG segue apurando os fatos e ouvindo testemunhas. Mais informações poderão ser repassadas após o avanço da investigação”, diz nota da PC.

O que diz o B.O.?

A babá contou à polícia que estava com a criança na Praça Floriano Peixoto por volta das 16h40 da última terça-feira (18), quando um homem se aproximou, tentou pegar na mão da criança e, em seguida, levar o patinete. A mulher não permitiu, segurou o brinquedo e o homem se afastou.

“Tal indivíduo (desconhecido) era de estatura baixa, moreno, estava descalço, sem camisa e utilizando uma calça preta jeans. Aparentava ser pessoa em situação de rua”, descreve o boletim.

Pouco tempo depois, a profissional relata que percebeu uma mãe procurando o filho. Em seguida, a babá disse ter visto o menino no colo do mesmo homem que tinha tentado pegar na mão da criança que ela cuida. No entanto, o suspeito vestia, naquele momento, um moletom vermelho. A babá, então, diz que avisou à mãe com quem estava o filho.

“Logo em seguida, um homem que estava acompanhando a mãe da criança correu em direção ao indivíduo desconhecido. Nesse momento, o indivíduo deixou a criança no banco da praça e empreendeu fuga. Houve uma perseguição a esse indivíduo desconhecido, sendo que em alguns instantes o homem que acompanhava a mãe da criança voltou com a camisa vermelha do indivíduo desconhecido. Ela não sabe relatar o que ocorreu durante a perseguição”, diz o boletim.

A babá destacou no B.O. não ter certeza de que foi uma tentativa de sequestro e explicou por que não chamou a polícia:

“Relatou ainda que não pode afirmar que houve uma tentativa de sequestro, que achou a situação estranha, que não conhece as pessoas envolvidas no fato. Que não fez o acionamento da PMMG no dia, pois o fato não aconteceu com a criança que estava sob sua guarda. Acredita que as vítimas não fizeram acionamento pelo canal de emergência (190) pois podem não ter compreendido a situação da mesma forma que ela entendeu”, destacou o trecho final do boletim de ocorrência.

A mãe

A reportagem também conversou com a mãe da criança. Ela diz que confia na babá e que gravou o áudio como alerta, sem intenção de causar pânico. Ela também destacou não ter nenhuma relação com outros áudios que circulam em grupos de WhatsApp, que abordam supostas tentativas de sequestro em shoppings da capital. Para preservar a família, ela prefere não aparecer.

PM

A reportagem da Itatiaia voltou a procurar a PM, já que, no último posicionamento, a corporação destacou que não tinha registro sobre o fato e que não encontrou nada nas câmeras de segurança analisadas.

O tenente-coronel Flávio Santiago, chefe do centro de jornalismo da PM, destacou ser muito importante que as pessoas busquem os veículos oficiais do poder público, para o registro imediato do fato, mesmo se não tiver envolvimento direto no caso: “Por quê? Porque outras pessoas podem ser vitimadas. Uma coisa que é importante frisar é que não temos esse tipo de sequestro em Minas Gerais. É claro que acompanhamos tudo que acontece em Minas, no Brasil e no mundo mas temos que tomar cuidado com os alardes que são feitos em redes, em grupos particulares”, orienta Santiago.

“A Polícia Militar (PM) orienta as pessoas a sempre buscarem o 190 e o poder público, para que os responsáveis no processo de persecução criminal, Polícia Militar enquanto polícia ostensiva, Polícia Judiciária, Polícia Civil, enquanto investigadora, para que as medidas sejam tomadas, os fatos sejam esclarecidos e autores possíveis sejam presos. Muito importante entender que gerar o pânico em redes sociais não representa a atitude de buscar o poder público”.

Dicas

Santiago destacou ainda a importância de cuidados com as crianças, especialmente menores de 8 anos. “Toda a atenção a seus filhos, principalmente em ambiente de muita aglomeração, quando as crianças ainda estão com seis, sete anos, e têm um pouco mais de dificuldade em discernimento das pessoas que se aproximam. Temos que tomar cuidado com a cabecinha deles também, para que nós não coloquemos um medo acima da normalidade. Entretanto, é importante orientar e ficar de olho”, reforçou.

“Muitas das vezes, em alguns eventos, sobretudo grandes eventos, é interessante até manter um cartãozinho com o número de telefone e o nome no bolso da criança, porque, às vezes, ela mesmo se perde no meio da multidão. E isso é muito importante para que nós tenhamos a prevenção de forma mais profícua. A atenção dos pais e dos responsáveis que estão próximos faz toda a diferença.

Jornalista formado pela Newton Paiva. É repórter da rádio Itatiaia desde 2013, com atuação em todas editorias. Atualmente, está na editoria de cidades.