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Padre suspeito de pedofilia estava afastado há um mês e proibido de ter contato com crianças

Ordem dos Pregadores afirmou que o religioso estaria desobedecendo as ordens; padre liderava projeto social com 300 crianças e é suspeito de exploração sexual

Religioso foi flagrado com imagens pornográficas de menores de idade no celular

Suspeito de pedofilia e flagrado com material pornográfico de menores de idade no próprio celular, o padre preso nesta quarta-feira (3) em São Paulo estava proibido de exercer atividades na Igreja e de ter contato com as crianças desde o início de março. A informação foi confirmada nesta quinta (4) pela Ordem dos Pregadores “Província Frei Bartolomeu de Las Casas”.

A entidade, que dirige paróquias em seis estados diferentes, afirma ter afastado o padre logo após receber as denúncias, no início do mês passado. Desde então, o religioso estava “proibido de exercer o ministério sacerdotal, de trabalhos que o levassem a ter contatos com menores e de frequentar as cidades de São Paulo e de Goiás”. No entanto, a Ordem dos Pregadores alega que o padre estaria desobedecendo algumas dessas ordens.

A entidade disse ter aberto uma investigação canônica assim que ficou sabendo das denúncias e afirma ter interesse na apuração dos fatos com transparência, defendendo as “devidas medidas legais”.

Projeto social

A Ordem dos Pregadores declarou, na mesma nota, que todas as obras sociais presididas pelo suspeito são de iniciativa pessoal e que ele “nunca teve permissão de nenhum superior” para realizar tais iniciativas.

O padre, suspeito de exploração sexual e estupro de vulnerável, foi o fundador de um projeto social que atendia crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade. O projeto atendia cerca de 300 crianças e, segundo a Polícia Civil, o espaço seria usado pelo religioso para se aproximar de possíveis vítimas.

Entenda o caso

A Polícia Civil de Minas Gerais prendeu, na última quarta-feira (3), um padre de 54 anos suspeito de pedofilia. Ele foi preso em flagrante na sua casa, em São Paulo, após os agentes encontrarem diversas imagens pornográficas de adolescentes no celular do suspeito.

O religioso mantém um projeto social para jovens em situação de vulnerabilidade na capital paulista e em São João del-Rei (MG). Jovens carentes de Goiás eram acolhidos para “ficar sob os cuidados do projeto social”. A Polícia Civil ainda investiga se o padre tinha a guarda de algumas das crianças e tenta identificar quem são os pais desses jovens.

O suspeito foi preso em flagrante por produzir e armazenar material pornográfico de criança e adolescente, crimes com pena de até 8 anos de prisão. Ele ainda pode responder por exploração sexual e estupro de vulnerável, com penas de quase 20 anos.

Em nota publicada em seu site oficial, a Arquidiocese de São Paulo afirma ter recebido as acusações com “perplexidade” e manifestou repúdio a qualquer forma de abuso. A Arquidiocese informou que se solidariza com as possíveis vítimas e aguarda os esclarecimentos dos fatos.

Jornalista formado pela UFMG, com passagens pela Rádio UFMG Educativa, R7/Record e Portal Inset/Banco Inter. Colecionador de discos de vinil, apaixonado por livros e muito curioso.
Júlio Vieira é repórter da Itatiaia.