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‘O futuro vai ser bem estranho’, diz mineiro que participou da criação do ChatGPT

Raphael Gontijo afirmou que quem não aprender a usar a inteligência artificial pode acabar “ficando para trás”; mineiro falou com o público brasileiro pela primeira vez durante evento da Fiemg

O pesquisador mineiro Raphael Gontijo, que trabalhou na criação do ChatGPT, acredita que o futuro será “bem estranho”. A declaração foi feita nesta quinta-feira (13), durante sua participação em um painel sobre inteligência artificial que fez parte da programação do Imersão Indústria 2023, realizado pela Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais) e apoiado pela Itatiaia.

Pesquisador e cientista de dados, Gontijo, que mora nos Estados Unidos, falou pela primeira vez para o público brasileiro e respondeu a dúvida que tem atormentado pessoas em todo o mundo: afinal, o Chat GPT vai acabar com alguma profissão? Para o pesquisador, o profissional humano sempre será necessário, mas quem não aprender a trabalhar com a inteligência artificial vai ficar prejudicado.

“Isso me lembra de quando foi lançado um software de análise estatística e muitos ficaram com medo disso acabar com a profissão. O programa foi lançado e acabou criando uma indústria de análise de dados que depende dos profissionais humanos. A inteligência artificial é uma ferramenta, sozinha ela não vai tirar empregos das pessoas. Mas é preciso entender que ela vai mudar a forma como trabalhamos”, disse o cientista, que participou do evento de forma virtual.

Quem também acredita nisso é o diretor comercial e de marketing da Itatiaia, Bruno Bianchini, que foi o mediador da discussão desta quinta. Bianchini concorda que será preciso aprender a trabalhar com a inteligência artificial, mas acredita que o ser humano vai continuar sendo essencial e nunca será superado.

“Como tudo no mundo e como toda evolução, temos que saber aproveitar. O sentimento, o ‘olho no olho’, isso o computador não consegue fazer. O profissional que souber aproveitar vai ganhar muito. Esse desespero é normal, essa preocupação tem que existir, mas o trabalhador tem que ter a consciência de que precisa acelerar para estar à frente disso. Quem cria a inteligência artificial é o humano, então é claro que o humano jamais vai perder o espaço dele.

Surpresa

Presente desde o início no projeto que gerou o ChatGPT, o mineiro Raphael Gontijo conta que a equipe não tinha nenhuma ideia da importância que a plataforma ganharia na sociedade. Segundo ele, as apostas eram de que o sistema ganharia 20 mil acessos na primeira semana, e não 1 milhão de visitantes, como foi na realidade.

Para Gontijo, o segredo do sucesso do ChatGPT é a união entre poder e simplicidade. Ele explica que o sistema permite que o usuário aproveite a inteligência artificial sem ter um conhecimento avançado de tecnologia.

“Antes, você dava a instrução e a inteligência artificial produzia o que fosse o pedido. Se desse errado, você precisa dar outra instrução. Com o ChatGPT, você conversa com o sistema, pode dar instruções em cima do que já foi feito. Sabemos que a ferramenta é útil e que ela tem também limitações, mas o aprendizado da máquina muitas vezes surpreende até a gente que criou o sistema.”

Jornalista formado pela UFMG, com passagens pela Rádio UFMG Educativa, R7/Record e Portal Inset/Banco Inter. Colecionador de discos de vinil, apaixonado por livros e muito curioso.
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