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Desativação do Aeroporto Carlos Prates foi adiada três vezes e se tornou impasse político

Prefeito de BH, Fuad Noman, se reuniu com ministro do governo Lula em janeiro para discutir futuro do Aeroporto Carlos Prates

Desativação do Aeroporto Carlos Prates já passou por três adiamentos e se tornou impasse político

A queda de um avião de pequeno porte, que decolou do Aeroporto Carlos Prates e caiu em uma rua do bairro Caiçara, matando quatro pessoas e deixando outras feridas, em outubro de 2019, fez com que o governo federal batesse o martelo no ano seguinte: o aeroporto em um dos bairros mais povoados de Belo Horizonte será desativado.

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O anúncio foi feito pelo então ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas, hoje governador de São Paulo, após uma reunião com a bancada mineira, em Brasília, no dia 2 de setembro de 2020.

A proposta do ministro era que as operações do Aeroporto Carlos Prates fossem transferidas para o Aeroporto da Pampulha e que o local seria transferido para a Secretaria de Patrimônio da União.

O governo marcou até mesmo um prazo para que o aeroporto fosse desativado: 31 de dezembro de 2021, dando um tempo para que os eventos já programados e cursos de instrução já em andamento fossem concluídos.

Indefinições

Desde então as definições sobre o Carlos Prates foram alvos de muitas reuniões, audiência públicas e negociações, mas até hoje não houve uma solução para o local, que continua funcionando e continua sendo palco de acidentes aéreos com aviões de pequeno porte.

No final de 2021, em uma audiência pública na Câmara dos Deputados, representantes do governo federal informaram que nem a prefeitura de BH, nem o governo de Minas demonstraram interesse em assumir a operação do aeroporto.

Surgiram propostas para que o local fosse transformado em um empreendimento de moradia popular ou um espaço de lazer para a região, mas nada de forma definitiva. Outros grupos afirmaram que o aeroporto deveria ser mantido em funcionamento e criticaram a proposta de desativação.

Sem uma decisão ou acordo com estado e município, o governo federal prorrogou a desativação do aeroporto para o final de 2022. Ao final do ano passado, o governo publicou a portaria 1.632, que prorrogou até o dia 1º de abril deste ano a atribuição da Infraero para exploração do aeroporto. Foi o terceiro adiamento da desativação.

Próximos passos

Em janeiro deste ano, durante agenda em Brasília para reunião com o ministro-chefe da Casa Civil, Alexandre Padilha (PT), o prefeito de BH, Fuad Noman (PSD), afirmou que espera avançar nas conversas com o governo federal para buscar uma solução para o aeroporto do Carlos Prates.

De acordo com o prefeito, a área do aeroporto Carlos Prates poderá ser transformada em um local destinado para indústrias não-poluentes e, ao mesmo tempo, para construção de 2.000 casas populares.

Fuad, no entanto, informou que não houve uma promessa por parte do governo federal, mas o comunicado que o tema seria analisado.

“Essa é uma área que nós queremos fazer uma divisão. Aquela área mais perto do Anel Rodoviário seria uma área industrial, de logística, logicamente para indústria não-poluentes e ali no meio um parque, um jardim grande, com 2.000 casas populares”, afirmou Fuad.

Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.