O major Heitor Mendonça, do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais disse, nesta segunda-feira (13), que “há pouca chance de sobrevida” em relação às vítimas do terremoto devido à característica do desastre que atingiu a Turquia e a Síria, colapsando centenas de prédios e edificações.
O major lidera equipe de bombeiros que fazem parte de uma comitiva que atua nas buscas e resgastes de vítimas e desaparecidos após terremoto que atingiu os dois países na última segunda-feira (6). Acionados pelo Itamaraty, os militares mineiros foram para a Turquia e se juntam a equipes dos estados de São Paulo e do Espírito Santo em um trabalho conjunto sob a coordenação da Agência Brasileira de Cooperação, do Ministério das Relações Exteriores.
“O que mais chama a atenção é a dimensão do dano que o terremoto causou na Turquia com dezenas de edificações colapsadas. Toda estrutura da cidade está comprometida, entre estradas e serviços básicos. É uma situação de desastre que afeta toda a comunidade”, explicou o Major.
Ao todo, seis militares que integram o Batalhão de Emergências Ambientais e Resposta a Desastres (Bemad), participam da missão. O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais é referência nesse tipo de atendimento e conta com a expertise de especialistas que atuaram em grandes ocorrências internacionais, como em Moçambique e no Haiti, também devastados por desastres naturais.
“A natureza do desastre é diferente e as consequências também. Estamos tratando de uma cidade com 600 mil pessoas e 80% dela foi afetada, com pouca chance de sobrevida devido à característica do empilhamento.”
Ao todo, 23 equipes internacionais atuam nos trabalhos de regaste que, segundo o Major, tem o frio como principal desafio, tanto para o trabalho quando na possibilidade de ainda encontrar sobreviventes.
“O frio tá muito complicado aqui. Agora, por exemplo, a temperatura média é de 3°C e, às vezes, chega a -11°C. O frio é o nosso maior desafio.”
Emocional
Lidar com situações de desastres é um grande desafio para as equipes de salvamento. O estado emocional dos militares e de todos os envolvidos fica divido entre a esperança de encontrar sobreviventes e a tristeza pela constatação de milhares de mortos.
“Nós temos centenas de vítimas salvas, algumas delas retiradas com vida e outras não. Isso impacta o psicológico, mas não nos impede de realizarmos nossas ações. Tivemos, nesse domingo (12), uma criança resgatada com vida sobre os escombros. Essa possibilidade de ainda localizar sobrevivente nos dá esperança e energia para continuarmos os trabalhos.”
Nesta segunda-feira (13) a equipe completou o quinto dia de operação. O Major explica que não há uma rotina diária a ser seguida e, sim, um trabalho incansável na busca por sobreviventes e desaparecidos.
“Estamos no quinto dia de operação e não existe rotina de trabalho. Somos demandados pelas equipes turcas e internacionais de resgate. Não importa se é de manhã, à tarde ou de madrugada. A rotina é ficar em campo 24 horas por dia e conseguir o máximo de atendimento possível.”
A equipe de Minas deve ficar na Turquia até o dia 25 de fevereiro, conforme prevê decreto federal.
Com informações da repórter Kátia Pereira.