Com o Carnaval se aproximando, e as expectativas de que a folia aqui na capital será ainda maior do que em anos pré-pandemia, vendedores ambulantes estão na bronca com a prefeitura de Belo Horizonte por causa do cadastro realizado pela Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur). Eles reclamam que o cadastro é aberto para todos os interessados em vender no Carnaval, e não apenas para quem já presta esse serviço durante o resto do ano.
Vânia Lúcia dos Santos, que trabalha como vendedora ambulante há 20 anos, reclama que distribuidoras se cadastram como ambulantes, o que segundo ela, provoca uma concorrência desleal durante o Carnaval.
“A gente que trabalha na rua, que trabalha o ano todo, tem o problema de ter que enfrentar as truculências da Guarda Municipal, da fiscalização. Então a gente perde muita mercadoria, e quando vai buscar, eles cobram uma porcentagem e te entregam o carrinho, mas você paga e ainda fica devendo à prefeitura, uma multa de mais de R$ 1 mil que pode te levar para a dívida ativa”, detalha.
A mulher afirma que o Carnaval é uma oportunidade de compensar o prejuízo acumulado durante o ano. Entretanto, o alto número de cadastros cria o que ela chama de “concorrência desleal”.
“A gente acaba investindo muito e tendo um lucro muito abaixo da média, né? A gente não consegue concorrer com eles [distribuidoras]. Isso está muito desleal”, completa.
Maria das Dores, que também trabalha como ambulante, da quantidade de credenciais que são emitidas no Carnaval.
“Nessa época, que a gente poderia trabalhar mais tranquilo, levantar uma graninha melhor pra gente, não tem como. A prefeitura vai e solta 17 mil credenciais, até 20 mil, com pessoas que você não vê na rua no dia a dia. Agora, a gente, que está o ano inteiro, é muito prejudicado”, destaca.
Em nota, a Belotur informou que o cadastro de ambulantes no Carnaval pode ser realizado apenas por pessoa física, não sendo assim permitido o cadastro de empresas. A nota diz que o edital possui critérios, e há necessidade de apresentação de documentos, como comprovante de residência, visto que apenas moradores do município de Belo Horizonte estão aptos a se inscrever. A Belotur defende ainda que a oportunidade é aberta a todos os munícipes que atendam aos critérios do edital.