A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) vai receber R$ 2,964 milhões, durante 24 meses, para custeio de bolsas de estudo e aquisição de insumos de pesquisa referente ao surto de monkeypox vírus (varíola símia) no Brasil. O valor será destinado para o projeto Aspectos científicos, coordenado por Flávio da Fonseca, pesquisador do CTVacinas e professor do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG. Os recursos são do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).
Entre as frentes de trabalho do grupo, estão a caracterização biológica do vírus causador da monkeypox que circula no Brasil e os estudos sorológicos em áreas de circulação de outros orthopoxvirus, família da qual o vírus faz parte. Os pesquisadores também farão um trabalho de monitoramento da inserção do vírus em animais silvestres e domésticos – principalmente animais de tutores positivos. Essa linha de pesquisa visa ao entendimento das características ecoepidemiológicas do vírus em diferentes espécies animais e as inter-relações entre a biologia e a ecologia dos hospedeiros, além de apontar a prevalência e diversidade do vírus.
O projeto Aspectos científicos do surto de monkeypox vírus (varíola símia) no Brasil conta também com a participação dos professores Erna Kroon, Giliane Trindade, Jônatas Abrahão e Mauro Teixeira, todos do ICB.
Casos em Minas
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informa que dados do estado atualizados nessa segunda-feira (26) registram 475 casos de Monkeypox confirmados por exames laboratoriais. Outros 1.285 casos foram descartados e há 488 casos suspeitos.
Um caso confirmado que estava em acompanhamento hospitalar para monitoramento de outras condições clínicas graves evoluiu para óbito em 28/07. Trata-se de um paciente de 41 anos, do sexo masculino, residente em Belo Horizonte e natural de Pará de Minas.
Imunizante
O CTVacinas já iniciou os trabalhos de pesquisa para o desenvolvimento de uma vacina contra a monkeypox. O desenvolvimento do imunizante no país será viabilizado com base em dois frascos do vírus Vaccínia Ankara Modificado (MVA) enviados pelos Estados Unidos. O material, que chegou ao CTVacinas no início deste mês, foi doado pela National Institutes of Health (NIH), agência de pesquisa médica norte-americana, por meio de acordo de transferência de material clínico firmado com a Rede Vírus MCTI.
Câmara POX-MCTI
Os pesquisadores da UFMG que lideram o projeto Aspectos científicos do surto de Monkeypox vírus (varíola símia) no Brasil integram a Câmara POX-MCTI, grupo de trabalho de caráter consultivo formado em maio deste ano para auxiliar o Ministério no enfrentamento do vírus. Entre as ações já efetuadas pelo grupo destacam-se o sequenciamento genômico e o depósito em banco internacional da primeira sequência nucleotídica completa de um vírus da varíola símia obtida de um paciente no Brasil.
Em parceria com a Rede Vírus do MCTI, os integrantes da Câmara POX-MCTI já fizeram o isolamento e o cultivo em células do vírus. O vírus inativado também foi disponibilizado para uso em controle diagnóstico positivo da doença. Mais recentemente, os virologistas do grupo geraram a primeira imagem de microscopia eletrônica de monkeypox vírus no Brasil. As imagens foram obtidas no Centro de Microscopia da UFMG.