Aberta no último dia 5 de setembro e prevista para durar até o próximo dia 23, a exposição “Deslocamentos” foi interditada nesta segunda-feira (19) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais após reação de movimentos religiosos e com a alegação de afronta à fé cristã.
A mostra reúne obras de arte política e poesia virtual e foi selecionada por meio de concorrência pública da assembleia. Para o autor da exposição, o artista Carlos Barroso, a obra foi vítima de censura. “Eu como poeta e artista já vinha fazendo isso há trinta e cinco anos, mas eu passei num edital de concorrência pública. Não devo nada a ninguém. E agora houve essa obstrução, essa censura, esse atentado à liberdade de expressão e anticonstitucional, com a ordem da Assembleia Legislativa de retirar a amostra”.
Ele também alega que a exposição não representa nenhuma afronta à fé das pessoas. “Eu defendo todas as religiões, defendo todas as fés, tenho uma formação cristã. Agora, a arte através de todos os tempos, talvez desde lá das cavernas, ela sempre teve o papel de desacreditar, de inquietar e de desmistificar. Então, naturalmente, quem não conhece a arte e tem os olhos de preconceito acham que as obras que existem aqui são ataques à fé cristã”.
O pedido de interdição foi feito pelo deputado estadual e pastor Carlos Henrique (Republicanos). Ele alega que a obra é uma provocação e fere a legislação vigente. “Existe o artigo duzentos e oito do código penal brasileiro, que trata sobre o vilipêndio público de ato ou objeto de culto religioso. E essa exposição fere frontalmente este artigo da Constituição. A mesa diretora resolveu reavaliar a exposição, que tem um estímulo ao preconceito, ao ódio religioso, à intolerância religiosa, ao vilipêndio, à cristofobia. Isso mexe com o sentimento das pessoas. Noventa por cento dos mineiros são cristãos e merecem respeito.”
O deputado argumenta que a assembleia não deve apoiar obras que incentivem o ódio aos cristãos. “Incentive nós incentivamos aqui a cultura não nesses modos. Eu fui provocado a tomar providências. Nós sempre vamos estimular uma democracia sólida, mas sobretudo com respeito e um ambiente de paz”.
O Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais repudiou a decisão da Assembleia Legislativa, a qual classificou como “censura”. Em nota, o sindicato disse que “a exposição crítica o uso comercial e político das religiões” e que pediu explicações da mesa diretora da Assembleia. Confira nota na íntegra:
Com informações do repórter Marcelo Sena