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Vale diz que analisará resultados da pesquisa que identificou metais pesados em moradores de Brumadinho

Estudo da Fundação Oswaldo Cruz encontrou cádmio, arsênio, mercúrio, chumbo e manganês em parte da população

Moradores de Brumadinho sofrem com os efeitos do rompimento da barragem B1

A mineradora Vale diz não ter tido acesso ao estudo da Fundação Oswaldo Cruz que apontou a exposição de moradores de Brumadinho a metais como cádmio, arsênio, mercúrio, chumbo e manganês, verificada por meio de exames de sangue e\ou urina.

Mais de 3 mil moradores da cidade participaram da pesquisa, que tem objetivo de conhecer a população da cidade após o rompimento da barragem, em 2019. O acompanhamento desses moradores vai ocorrer por mais 3 anos.

Entre cinco metais pesados, três apresentaram porcentagem acima do limite permitido: arsênio, chumbo e manganês. “Observamos uma prevalência elevada de valores acima dos níveis de referência entre os adolescentes para arsênio, manganês e chumbo. E na população adulta o mais preocupante é o manganês e o arsênio”, disse o pesquisador da Fiocruz Minas, Sérgio Peixoto.

“Esses níveis não indicam uma intoxicação ou uma contaminação, mas demonstram que as pessoas vivem em um ambiente rico nesses metais. O próximo passo será pesquisar esse ambiente e entender quais são as fontes de exposição”, completou.

O pesquisador disse ainda que esses metais pesados podem provocar doenças renais, hepáticas e no sistema nervoso central. “Mas isso se remete a uma intoxicação por esses metais, o que não é o caso dos nossos exames”, ressaltou, destacando que os moradores serão acompanhados.

Depressão

A pesquisa também mostrou que um em cada cinco moradores da cidade relata diagnóstico de depressão. “É o dobro do que se observa na população brasileira, se a gente comparar com a pesquisa nacional de saúde. E acontece de forma bem homogênea no município como um todo. Então, a depressão parece ser um problema já diagnosticado e acompanhado pelo serviço de saúde. Também temos que entender que Brumadinho vive uma dupla carga: além do rompimento da barragem, a gente vivenciou uma pandemia, e esses dados foram coletados após esse evento”, pontua.

Moradores que moram perto das regiões atingidas pela lama também relatam transtornos de ansiedade e depressivos.

Vale

Em nota, a mineradora informou que analisará os resultados da pesquisa assim que receber as informações. Garante que não há registros nas comunidades locais de casos de intoxicação por metais pesados em decorrência do rompimento da barragem B1, em 2019. Veja a íntegra:

A Vale não teve acesso ao estudo que está sendo realizado pela Fiocruz Minas e irá analisar os resultados tão logo o tenha. A empresa reforça que não há registros nas comunidades locais de casos de intoxicação por metais pesados em decorrência do rompimento da barragem B1, em 2019.

A empresa também monitora níveis de material particulado em suspensão (frações inaláveis menores que 10µm e frações respiráveis menores que 2,5µm) nas comunidades impactadas de Brumadinho e, até o momento, os resultados desses monitoramentos estão a níveis de segurança adequados à saúde da população.

Além disso, a Vale financia os Estudos de Avaliação de Risco à Saúde Humana e de Avaliação de Risco Ecológico, que estão sendo conduzidos pelo Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SISEMA) em articulação com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e Secretaria de Planejamento (SEPLAG). Esses estudos investigam as áreas impactadas pelo rejeito para identificar uma possível contaminação e os riscos à saúde humana e ao meio ambiente, visando o estabelecimento de medidas de intervenção e reparação e ações de proteção da população, fauna e flora, se necessário.

Este trabalho, que tem metodologia validada pelos Ministérios da Saúde e do Meio Ambiente e é acompanhado pelos compromitentes do Acordo Judicial de Reparação Integral (Ministério Público do Estado de Minas Gerais, Ministério Público Federal, Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais e pelo Governo do Estado de Minas Gerais), está sendo elaborado em cinco fases. No presente momento, está em andamento a Fase I, que diz respeito ao levantamento de dados das áreas para a definição dos modelos conceituais e do Plano de Caracterização e Investigação Ambiental para as metodologias do setor saúde e do setor ambiental. Mais informações podem ser obtidas no site: http://www.meioambiente.mg.gov.br

É igualmente importante destacar que o rejeito de minério de ferro é formado em sua maioria por minerais ferrosos e quartzo, sendo classificado como não tóxico e consequentemente não perigoso, conforme NBR 10.004, da Associação Brasileira de Normas Técnicas.

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