De Belo Horizonte para os palcos, dos palcos aos grandes festivais por todo país e de volta à capital mineira. Dessa vez, na rua e no ritmo do Carnaval. Em ‘rolês’ gratuitos, Lagum, Lamparina e Djonga são alguns dos nomes que criaram blocos próprios e vão tomar a cidade com muito batuque, glitter e música autoral — valorizando o bairrismo que marca o Carnaval belo-horizontino, e integrando a diversidade de estilos musicais que o folião encontra em cada esquina da festa.
O rapper que ganhou o mundo com “fogo nos racistas” já é presença carimbada no Carnaval da capital em cortejos como o do ‘’Seu Vizinho’, ‘Chama o Síndico’’ e ‘’Angola Janga’. Agora, estreia com seu próprio trio, abrindo o primeiro dia de festa.
“Vamos quebrar tudo pela primeira vez, né? É nossa estreia para a gente se divertir com a nossa rapaziada, com a rapaziada do rap… Na verdade, [rapaziada de] todos estilos musicais, do jeito que a gente gosta. Aguardo todo mundo!”, disse Djonga à Itatiaia.
O intuito, segundo ele, é exaltar a força cultural da cidade. “Vamos mostrar a potência da nossa cidade, a potência da nossa Belo Horizonte, da nossa Minas Gerais, certo? Vamos fazer isso aí rodar o mundo”, afirmou.
Detalhes como possíveis participações ainda não foram divulgados. Inicialmente, a prefeitura divulgou que o cortejo tomaria a avenida dos Andradas, contudo, houve a troca de endereço.
“A mudança foi realizada em diálogo com os organizadores, que, em conjunto, entenderam que esse novo percurso se adequaria melhor à realidade do evento e às necessidades do artista”, disse a PBH.
Sendo assim, o bloco do Djonga tem concentração prevista para acontecer no sábado (1º), na Avenida João Pinheiro, 613, em frente ao Xodó, no bairro Funcionários, na região Centro-Sul, a partir das 14h.
Lagum na Avenida
Com o tema “Ilha da Fantasia”, os mineiros da banda Lagum, criada em 2014, vão para a avenida pelo segundo ano consecutivo. No ano passado, eles levaram mais de 100 mil pessoas à rua Sergipe para cantar os sucessos em ritmo de Carnaval. E a expectativa é por mais gente ainda cantando em coro alguns dos sucessos, como “Deixa”.
Segundo o guitarrista Otávio Cardoso, o Zani, o público da banda já consome a música de maneira eclética, apreciando ainda mais quando mistura vários ritmos musicais.
“Com a nossa proposta de trazer todo o repertório para ritmo de Carnaval com ijexá, samba, samba reggae, funk, eu acho que essa interseção se torna mais clara, tanto para nós, tocando em cima de um trio, quanto para um público que tá ali para curtir a festa”, explica Zani, que integra a banda com Pedro Calais, Jorge Borges e Francisco Jardim.
Para Jorge, o movimento de sinergia da música de belo-horizontina com o Carnaval faz “total sentido” e tem relação com a história do ressurgimento da força da folia da cidade, que vem acontecendo nos últimos 15 anos.
“Esse é, justamente, o mesmo momento em que a música da cena autoral voltou a ganhar força. Por isso que acredito que esse movimento faz muito sentido e acontece naturalmente, com o fortalecimento da cena autoral em BH, em diversos gêneros. E também pelo fato de o Carnaval ser uma festa tão democrática e que abrace estilos musicais e celebrações”, guitarrista Jorge Borges.
E as expectativas são as melhores - e maiores. “Não sabíamos até qual era a expectativa do ano passado e ela surpreendeu a gente demais. E agora vindo com a segunda edição, onde as pessoas já estão sabendo que a primeira foi muito boa, teve uma energia muito bacana, a segunda vem com maior expectativa ainda, né? Então, queremos quebrar essa barreira de 100 mil pessoas para esse ano de 2025 e fazer aquela energia pra galera de sempre, né? Boa energia, é o que importa, é o que fica”, conta Francisco Jardim, o Chicão.
A concentração está marcada para às 7h, na rua Sergipe, 939, próximo à Praça da Liberdade, também na região Centro-Sul. O bloco deve percorrer a Avenida Brasil, com o mesmo trajeto da primeira edição.
Não Me Entrego Pros Caretas
Quando uma música começa a fazer parte do repertório de muitos blocos, já é um sinal de que o bloco da banda tem tudo pra dar certo. E em 2025, Lamparina coloca na rua o “Não Me Entrego Pros Caretas”, refrão que já é entoado nos quatro cantos da cidade entre fevereiro e março.
Formada na capital mineira em 2017, Lamparina tem como marca registrada um estilo variado, com referências do funk, forró, brega, maracatu, MPB, rock, pagode e samba. Atualmente, é composta por Marina Miglio, Cotô Delamarque, Calvin Delamarque, Stênio Galgani, Bino e Thiago Groove.
“Esse ano, pela primeira vez, o bloco será 100% da Lamparina. No ano passado, fizemos uma parceria com a banda Graveola no bloco Trio Tropical”, explica o guitarrista/ vocalista Cotô Delamarque. Em 2024, eles reuniram 40 mil pessoas na rua. Para 2025, a banda espera 60 mil.
Para Cotô, o maior desafio de colocar o bloco na é unir performance, som de qualidade e uma boa localização. Por isso, a escolha de um endereço com avenida larga e acessível: a concentração ocorrerá na segunda-feira, no dia 3 de março, na rua Sergipe, na esquina com a Av. Cristóvão Colombo, na Savassi, a partir das 9h — mesmo local onde acontece a concentração da Lagum no dia anterior. “A liberação junto à Belotur foi um processo super tranquilo. A inscrição foi feita através de um edital aberto a todos os blocos”, acrescentou.
O tema do desfile é ‘‘Original Brasil’’, seguindo a proposta do último álbum, lançado em 2023, no qual a banda traz os símbolos nacionais, como Seleção Brasileira e o verde amarelo, o chinelo havaiana, de volta por toda a população, após os mesmos terem sido usados como ícones da direita. A banda ainda escolheu a Luta Antimanicomial — movimento social que luta pelos direitos das pessoas com sofrimento mental — como bandeira política. “Essa causa se conecta muito aos valores de liberdade, resistência e empatia que ‘Original Brasil’ carrega. O nome do bloco veio também para combinar com essa ideia”, explicou.
Para fazer acontecer, a banda contou com o patrocínio da Ambev, via Lei de Incentivo Estadual de Minas Gerais. “Esses incentivos são fundamentais para viabilizar a captação de recursos e fomentar a nossa cultura”, explica Cotô.
Para o grupo, essa é a realização de um sonho. “O Carnaval faz parte da cultura brasileira e a gente se sente muito conectado ao Brasil, consequentemente, ao Carnaval. Então poder botar o bloco na rua e ainda com um trio é uma alegria imensa”, disse.
Calixto é 10
O bloco da Aline Calixto, um dos veteranos da festa, celebrará o 10° desfile este ano com o tema “Bloco da Calixto é 10”. Comandado pela primeira mulher a liderar sozinha um bloco na capital mineira, o cortejo é marcado pela volta da atmosfera mágica dos anos 80.
Serviço
Bloco do Djonga
- Data: 1/03 (sábado)
- Horário da concentração: A partir das 14h
- Local: Avenida João Pinheiro, 613, em frente ao Xodó, no bairro Funcionários
Bloco da Calixto - É 10!
- Data: 1/03 (sábado)
- Horário da concentração: a partir das 13h
- Local: Avenida Amazonas, esquina com R. São PauloBloco
Lagum na Avenida
- Data: 2/03 (domingo)
- Horário da concentração: a partir das 7h
- Local: Rua Sergipe, 800, Savassi
Bloco Não Me Entrego Pros Caretas
- Data: 3/03 (segunda-feira)
- Horário da concentração: a partir das 9h
- Local: Rua Sergipe, 800, Savassi