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A Itatiaia preparou uma lista de sambas-enredo que marcaram época nos Carnavais. Para além do ano em que foram apresentados na Avenida, eles se tornaram músicas conhecidas e relembradas pelo país.
BUM BUM PATICUMBUM PRUGURUNDUM – Império Serrano 1982
Enredo campeão de 1982 com a Império Serrano, Bumbum Praticumbum Prugurundum é uma composição de Beto Sem Braço e Aluízio Machado. A letra versa sobre as alegrias do carnaval, sua formação e evolução na avenida. O samba marcou o último título do Império Serrano na avenida, ainda na era “pré-Sapucaí”.
Última escola a desfilar naquele 21 de fevereiro de 1982, a Império Serrano encarou um sol forte na avenida, que nada prejudicou o desfile. O público cantou junto e consagrou o samba como hit que tocou por muito tempo em diversas rádios do país.
ATRÁS DA VERDE E ROSA SÓ NÃO VAI QUEM JÁ MORREU – Mangueira 1994
Um dos sambas mais conhecidos da tradicional Mangueira, foi composto por David Correia, Paulinho Carvalho, Carlos Senna e Bira do Ponto e interpretado pelo eterno Jamelão. O samba é uma homenagem aos “Doces Bárbaros”, grupo composto por Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia e Gal Costa.
O interessante é que apesar do samba, considerado por muitos um dos mais empolgantes da história do carnaval carioca, a Mangueira terminou na 12ª posição da classificação geral.
OS SERTÕES – Em Cima da Hora 1976
Único samba de uma escola “pequena” na lista, “Os Sertões” é baseado na obra clássica de Euclydes da Cunha e conta a história da Guerra de Canudos. Apesar de não ter tido grande sorte para a escola naquele ano (a Em Cima da Hora enfrentou diversos problemas no desfile e terminou na 13ª posição) a composição de Edeor de Paula ficou eternizada como uma das mais bonitas de todos os tempos e ganhou releituras com Dudu Nobre e Mestre Marçal.
A canção venceu o Estandarte de Ouro de melhor samba-enredo e ganhou também uma versão regravada pelo cantor Fagner, no ano de 1997.
KIZOMBA, A FESTA DE UMA RAÇA – Vila Isabel 1988
Em 1988 a Unidos de Vila Isabel conquistava seu primeiro título embalado por um samba poderoso. Composto por Rodolpho, Jonas e Luiz Carlos da Vila, Kizomba ainda é exaltado pela sua letra contando a história da influência negra na cultura universal.
Com poucos recursos financeiros naquele ano, a comissão de carnaval da Vila optou por materiais baratos, tendo como resultado foi uma escola sem brilhos, mas com um grande impacto visual que levantou a Sapucaí e ficou com o título.
LENDAS E MISTÉRIOS DA AMAZÔNIA – Portela 1970
Na abertura dos anos 70, a Portela levou para a avenida o samba de composição de Catoni, Jabolô e Valtenir, que falava sobre as lendas que povoam o imaginário da Amazônia. O grito de “já ganhou” podia ser ouvido antes mesmo do início do desfile, arrancando lágrimas e criando a atmosfera mágica que só os desfiles históricos alcançam.
Uma curiosidade: foi neste ano que a azul e branco de Madureira começou a abrir os seus desfiles utilizando a águia, mascote da escola, em seu carro abre-alas. O enredo e o samba campeões em 70 foram reeditados e levados à avenida em 2004 em meio a uma crise absurda que a escola vivia, mas conseguiu apenas o 7° lugar naquele ano.
LIBERDADE, LIBERDADE, ABRE AS ASAS SOBRE NÓS – Imperatriz Leopoldinense 1989
Em 1989 o Brasil ainda experimentava os primeiros anos da fase pós-ditadura e nesse ano a Imperatriz Leopoldinense levou para a avenida o samba “Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós” em clara referência ao hino da proclamação da República e obviamente, ao final da ditadura militar.
Composto por Niltinho Tristeza, Preto Joia, Jurandir e Vicentinho, o samba levou a Imperatriz ao título em 1989 e ganhou o Estandarte de Ouro como melhor samba-enredo. O desfile que aconteceu no dia 6 de fevereiro de 1989, continua lembrado até hoje. Numa eleição realizada pelo Domingão do Faustão, o samba foi eleito o melhor de todos os tempos da Marquês de Sapucaí.
AQUARELA BRASILEIRA – Império Serrano 1964
Mais um samba da Império Serrano, ‘Aquarela Brasileira’ é considerado por muitos o melhor samba-enredo de todos os tempos. A Império foi a 3ª escola a adentrar a Avenida Presidente Vargas naquele longínquo 9 de fevereiro de 1964, empolgou a platéia, mas ficou apenas na 4ª posição naquele ano, perdendo para Mangueira, Salgueiro e Portela, que foi a campeã.
Silas de Oliveira foi o autor da obra e integra o hall de um dos grandes compositores do gênero, sendo autor de mais de 10 sambas que foram para a avenida, entre eles “Heróis da Liberdade” do Carnaval de 1969, também bastante reconhecido pelos fãs. Aquarela Brasileira tem uma versão bastante conhecida que foi gravada por Martinho da Vila.
Um detalhe interessante sobre “Aquarela” é que apesar de valorizar toda a geografia e belezas do Brasil, o samba não cita a região Sul do país.
PEGUEI UM ITA NO NORTE – Salgueiro 1993
O refrão avassalador combinado com um desfile impecável da Acadêmicos do Salgueiro, levou a escola a quebrar o jejum de 18 anos sem títulos e entrou para a história como um dos sambas mais cantados e lembrados do carnaval carioca.
Desenvolvido pelo carnavalesco Mario Borriello a partir da música de mesmo nome de Dorival Caymmi, “Peguei um Ita no Norte” foi composto por Demá Chagas, Arizão, Bala, Guaracy e Celso Trindade e narra a viagem costeira a bordo do vapor “Itapé" quando o compositor baiano migrou em 1938 para o Rio de Janeiro, a então capital federal. “Ita” era o nome que se dava aos navios que faziam a navegação de cabotagem, entre o Norte e o Sul do Brasil.
O sambista Neguinho da Beija-Flor chegou a declarar, em entrevista, que ao ouvir a apresentação, já sabia que o Salgueiro, mesmo tendo sido apenas a terceira a se apresentar, já havia ganho o Carnaval daquele ano, especialmente pela reação do público nas arquibancadas, cantando o samba e aplaudindo a escola durante toda sua apresentação.
SONHAR NÃO CUSTA NADA. OU QUASE NADA – Mocidade 1992
Diferente de muitos enredos que possuem uma temática política, social ou histórica, “Sonhar não custa nada. Ou Quase Nada” trata-se simplesmente da exaltação da necessidade do sonho e a esperança. O sucesso na voz de Paulinho Mocidade ainda hoje é considerado o hino da escola apesar de não ter levado o título de 1992.
Composto por Dico da Viola, Moleque Silveira e Paulinho Mocidade que também foi o intérprete do samba na avenida, “Sonhar não custa nada” foi aplaudido pelo público na Sapucaí principalmente pelo seu refrão fácil de memorizar.
Os carnavalescos Renato Lage e Lilian Rabelo foram os responsáveis por levar o “sonho” do tri campeonato da Mocidade para a avenida e levaram um desfile luxuoso naquele 2 de março de 1992, mas não foi o suficiente para convencerem os jurados e o título ficou com a Estácio de Sá, considerada uma das maiores zebras do carnaval carioca.
É HOJE! - União da Ilha 1982
Composição de 1982, dessa vez da União da Ilha do Governador. “É Hoje!” é baseado no livro homônimo de Haroldo Costa e do cartunista Lan, famoso por retratar a alegria do carnaval carioca. Este samba é um dos mais regravados da História, merecendo versões de, entre outros, Caetano Veloso e Fernanda Abreu.
Foi composto por Didi e Mestrinho e teve o enredo desenvolvido por Max Lopes. Na avenida, a Ilha mostrava um dia na vida de um sambista da Ilha do Governador que “atravessava o mar” para sambar no Rio de Janeiro, ou seja, saía da Ilha em direção a cidade.
Naquele ano, a Ilha deixou a avenida sob os gritos de “já ganhou”, porém ficou apenas com a 5ª posição em 1982, atrás de Mangueira, Imperatriz, Portela e Império Serrano.
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