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Vídeo: brasileira transcreve a Bíblia à mão duas vezes e dá de presente aos filhos: ‘Gratificante’

Eliana começou a transcrever a Bíblia pela primeira vez em 2006 para memorizá-la e deu de presente aos filhos; ação motivou vários outros fiéis a fazerem o mesmo

Eliana Selmer (centro) transcreveu a Bíblia duas vezes para memorizá-la e deu de presente para os filhos Leentje, de 41 anos, (esquerda) e Eudes, de 36 (direita)

“Só Deus sabe o quanto isso me faz feliz”, contou a enfermeira aposentada Eliana Selmer, de 65 anos. Ela, que é mãe de dois filhos, dedicou anos da vida para transcrever a Bíblia à mão duas vezes.

Em entrevista à Itatiaia, Eliana contou que frequenta a Igreja Adventista do Sétimo Dia Central de Castro, no Paraná. Ela começou a transcrever o livro pela primeira vez em 2006, com o objetivo de memorizar mais a Bíblia e incrementar o momento devocional diário.

Quando escreveu pela primeira vez, a aposentada demorou cerca de quatro anos e meio, terminando em 2011. Já na segunda vez, começou em 2020 e terminou em meados de 2024. Cada escrito tem aproximadamente 2.500 páginas e foram presentes para os dois filhos, Eudes e Leentje Selmer, de 36 e 41 anos.

Canetas diferentes e papel de fichário

Selmer teve muito capricho ao escrever as 2.500 páginas do livro mais vendido do mundo. Em alguns momentos, ela usava canetas diferentes, como os massoretas, escribas que transcreviam a Bíblia. “Sempre que escreviam o tetragrama sagrado, que é o nome de Deus em hebraico, eles trocavam de pena, por respeito”, explicou.

“Eu usei a caneta preta para a narrativa, caneta vermelha para as palavras de Jesus na primeira Bíblia e verde na segunda. E caneta de gel dourada para a palavra “Deus” e as palavras específicas de Deus, como os dez mandamentos, de Êxodo 20", explicou.

Transcrição foi dividida em quatro livros

Todo o texto foi escrito em folhas de papel de fichário. Depois de terminadas, elas foram encadernadas em quatro volumes, divididas da seguinte forma: Gênesis a 1º Reis; 2º Reis a Salmos; Provérbios a Malaquias; Matheus a Apocalipse.

A primeira versão foi dada por Eliana ao filho, Eudes. Já a segunda foi de presente para a filha, Leentje. “A filha é mais emotiva, ela chorou muito quando recebeu. Apesar de saber que eu estava escrevendo para ela. Mas quando ela viu o trabalho pronto, ela se desmanchou”, contou.

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‘Gratificante ao máximo’

Eliana relatou que nunca pensou em desistir da escrita, mesmo com muitas páginas, mas que escrevia devagar em alguns momentos. “Principalmente os livros dos profetas maiores: Isaías, Jeremias e Ezequiel. São temas pesados, de reprovação por parte de Deus, que me deixavam muito reflexiva”, contou.

Em relação a possíveis críticas, ela afirmou que também nunca se deixou abater. Eliana relatou que não é possível descrever o momento devocional. "É intenso [...]. É como se estivesse vivendo as histórias relatadas. Não tem como descrever.”, disse.

O trabalho de Eliana inspirou diversos fiéis da igreja que frequenta, que também começaram a escrever a Bíblia. Para ela, isso é ‘gratificante ao máximo’.

“Quando alguém chega para mim e diz: ‘Quero começar escrever também, me passa algumas informações: que papel você usou, como você escolheu as canetas, que horas você escrevia, quanto tempo você levou?’, eu sinto maior prazer em ajudar e dar todas as informações. Sei que esse testemunho só faz aumentar o amor pela Palavra de Deus. E é assim que nós crescemos espiritualmente. Só Deus sabe o quanto isso me faz feliz. É a resposta a uma oração que eu fazia todas as vezes que escrevia a segunda Bíblia: ‘Senhor, que este simples trabalho de transcrever a Tua Palavra, sirva de testemunho a outras pessoas, para que aprendam a amar, respeitar e praticar a Tua Palavra.’”, disse.

Para finalizar, Eliana disse que não se importa se pessoas de outras religiões quiserem fazer o mesmo que ela. “No céu, tenho certeza que não haverá placa de igreja. Apenas pessoas sinceras que aceitaram a Cristo como seu Salvador pessoal e aprenderam a amar, respeitar e praticar os ensinamentos da Bíblia.”, afirmou.

“Espero que o meu testemunho seja inspiração para que muitas pessoas encontrem a sua maneira de fazer um devocional diário que faça diferença na sua vida.”, finalizou.

Jornalista formada pela PUC Minas. Mineira, apaixonada por esportes, música e entretenimento. Antes da Itatiaia, passou pelo portal R7, da Record.