Facções criminosas e milícias já influenciam o cotidiano de ao menos 28,5 milhões de brasileiros, segundo levantamento do Datafolha. O avanço do
De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o crescimento indica uma maior ocupação de territórios e mercados ilegais por parte dessas organizações. Conforme o pesquisador Bruno Paes Manso, do Núcleo de Estudos da Violência da USP, a ação expôs “uma perda de controle político no estado” e evidenciou o poder de fogo das facções.
Como enfrentar o crime organizado
Segundo Paes Manso, o primeiro passo para combater o avanço das facções é a eleição de líderes comprometidos com a democracia e com políticas de segurança pública eficazes. Ele critica o discurso político baseado apenas em operações letais, que, segundo ele, “dão impressão de ação, mas mantêm a ligação entre polícia e criminalidade”.
O pesquisador afirma que o Brasil precisa de uma coordenação nacional, já que facções como
“O discurso de guerra e violência de políticos passa para as pessoas a impressão de que algo está sendo feito, que eles estão combatendo o crime. E, na verdade, é para que tudo continue como está. Em 2022, às vésperas da eleição de Cláudio Castro, foram feitas três operações letais no Rio de Janeiro, e ele acabou sendo eleito no primeiro turno, como se isso resolvesse a situação criminal, sendo que isso mantém a situação e a ligação da polícia com a criminalidade”, completou ele.
Em relação ao fortalecimento das facções, o pesquisador afirma que tudo está ligado à capacidade de diversificar fontes de receita. Segundo ele, o PCC tem foco no controle de portos, aeroportos e rodovias para traficar drogas para o exterior, além de movimentar dinheiro em outros negócios e influenciar a política.
Já o Comando Vermelho mantém estratégia de dominar territórios urbanos, lucrando não só com a venda de drogas, mas também com comércio de gás, cigarros clandestinos, ocupação de terrenos e construção de imóveis. Com o controle armado da área, a facção passa a cobrar taxas e extorquir moradores e comerciantes.
A partir do momento que eles exercem o controle armado do território, começam a extrair receita desse território que controlam. São dois modelos de negócios diferentes, mas ambos prejudicam absurdamente a população”, conclui o pesquisador.