O ciclone vai chegar a Belo Horizonte? Especialista explica

Fenômeno não cruza o estado pelo centro, mas borda deve alcançar BH entre terça (9) e quinta-feira (11)

De acordo com Lucas Oliver, professor de Geografia e cientista do clima, um ciclone de grande dimensão deve atingir cerca de 20% do território brasileiro, incluindo todo o Sul e boa parte do Sudeste

Mesmo sem cruzar Minas Gerais por completo, o novo ciclone extratropical deve atingir o estado com força nos próximos dias — e Belo Horizonte está no caminho da borda do fenômeno. Formado entre o Paraguai, o Nordeste da Argentina e o Rio Grande do Sul, o sistema associado a uma frente fria pode provocar chuva forte, raios e ventos até, pelo menos, quinta-feira (11).

Segundo Lucas Oliver, professor de Geografia e cientista do clima, o ciclone atual deve atingir cerca de 20% do território brasileiro, incluindo todo o Sul e boa parte do Sudeste. “Ele vai passar por Minas Gerais — não o centro do ciclone, mas a borda dele. Essa borda alcança a capital mineira e praticamente todo o estado entre terça (9) e quinta-feira (11), começando pelo Sul de Minas, depois Centro-Oeste, Região Central, Norte de Minas e Vale do Aço”, explicou.

Lucas afirma que o fenômeno deve trazer chuva constante e, especialmente na quarta-feira (10), ventos intensos na capital. “É bem provável que entre a noite de terça e a tarde de quarta seja o período com maior chance de chuvas fortes”, destacou.

Mapa da Defesa Civil indica onde vai chover mais

Um mapa divulgado pela Defesa Civil de Belo Horizonte na manhã desta terça-feira (9) mostra a previsão de chuva para as próximas 24 horas - indicando as regionais que devem receber os maiores volumes. Quanto mais intenso o tom de vermelho, maior a quantidade estimada de chuva.

“É um mapa com a previsão por regionais. Cada uma aparece com uma cor indicando volumes diferentes, mas a média para hoje é de cerca de 60 mm”, explicou Roger Victor, diretor de articulação institucional do órgão.

Segundo a Defesa Civil, áreas como Pampulha, Venda Nova, Nordeste, Leste e partes do Noroeste aparecem com tons mais fortes, sugerindo os maiores acumulados. As regionais Oeste, Centro-Sul e Barreiro também devem registrar chuva significativa, porém com intensidade um pouco menor em comparação às demais.

Esse fenômeno é normal?

O professor de Geografia e cientista do clima Lucas Oliver explicou que ciclones extratropicais são comuns nesta época do ano. “Ele pode ocorrer o ano inteiro, mas é mais comum na primavera e no verão — e costuma ser mais forte justamente no verão. É um grande sistema de baixa pressão atmosférica, e baixa pressão produz chuva. É uma área de instabilidade muito extensa”, afirmou.

A Defesa Civil de BH orienta que a população redobre a atenção durante as chuvas fortes, evitando trafegar por áreas sujeitas a alagamentos e mantendo distância de córregos e enxurradas. Ruas alagadas não devem ser atravessadas em hipótese alguma, e crianças não podem brincar próximo a cursos d’água.

Também é importante não se abrigar nem estacionar veículos sob árvores, ter cuidado especial em áreas de encosta e jamais se aproximar de cabos elétricos rompidos — nesses casos, o correto é acionar a CEMIG (116) ou a Defesa Civil (199).

Acumulado na capital

Entre a noite de segunda (8) e a manhã desta terça (9), as regionais Nordeste e Leste registraram os maiores volumes de chuva em BH, com 73,6 mm e 42,4 mm, respectivamente. No balanço de dezembro, Nordeste e Centro-Sul lideram com cerca de 48% da média mensal já atingida, seguidas por Norte, Leste e Oeste — todas as regionais acima de 20% do previsto para o mês.

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Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.

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