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Médicos denunciam problemas com sistema de prontuário; PBH diz que mantém técnicos de plantão

De acordo com médicos, problemas com o sistema Sigrah, criado pela empresa MV, estariam impactando os atendimentos. Executivo municipal ressalta que, durante a transição dos sistemas, podem ocorrer atrasos pontuais nos serviços ofertados

Médicos dizem que houve queda de produtividade

Vão ser levadas à Justiça as denúncias de profissionais da Rede do Sistema Único de Saúde (SUS) de Belo Horizonte com relação ao sistema eletrônico de prontuário estabelecido pela prefeitura da capital (PBH). De acordo com os médicos, problemas com o sistema Sigrah, criado pela empresa MV, estariam impactando os atendimentos.

O diretor jurídico do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais, Artur Oliveira Mendes, detalha esses problemas. “O sistema eletrônico que a prefeitura orienta o uso, o Sigrah, vem trazendo problemas desde a sua implantação, há cerca de seis anos. Para a compra dele, a prefeitura buscou recursos no Banco Internacional de Desenvolvimento, mais de 30 milhões gastos nesse sistema que é muito pouco efetivo, um sistema que não funciona, um sistema que trava o tempo todo”.

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O médico Fabrício Andrade atua na saúde de BH há mais de 10 anos e lida com esse sistema há três anos. Ele explica que houve uma queda na produtividade.

“Eu atendia, em média, de 30 a 33 pacientes/dia. Com o Sigrah, eu estou conseguindo atender de 20 a 25, ou menos. Isso quando ele funciona num dia normal. Eu gasto pelo menos 30% a 40% de tempo a mais fazendo um atendimento em relação ao prontuário eletrônico anterior. O sistema como um todo foi feito para ser implantado em hospitais. O sistema de saúde hospitalar é completamente diferente de atenção primária, que são os postos de saúde”, explica.

Além de uma audiência realizada hoje na Câmara Municipal (CMBH), uma reunião também apresentou as provas reunidas pelo Ministério Público (MPMG) para o Tribunal de Contas do Estado (TCE), que vai julgar a continuidade do sistema. O presidente da comissão de saúde, vereador Bruno Pedralva, do PT, explica o que foi discutido.

“O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), através da promotoria de saúde, apresentou ao tribunal investigações apontando mais irregularidades no contrato e na execução do contrato. Nossa representação vai contar com as investigações do Ministério Público e vai colaborar nas investigações para as decisões do tribunal. A esperança é que a empresa MV resolva os problemas concretos, e coloque uma equipe de profissionais de tecnologia de informação capacitada para dar conta de fazer o sistema operar com a qualidade prometida pela empresa”, conclui.

Prefeitura de BH se manifesta

Em nota, a Prefeitura de Belo Horizonte informou que:

“Está em constante diálogo com os sindicatos e trabalhadores da rede SUS-BH. Cabe destacar que, durante a transição dos sistemas, podem ocorrer atrasos pontuais nos serviços ofertados. Ciente dessa possibilidade, a Secretaria Municipal de Saúde mantém técnicos de plantão nas unidades e no Nível Central para acompanhar o processo e atuar de forma ágil, caso necessário.”

Jornalista pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Na Itatiaia desde 2022, trabalhou na produção de matérias para a rádio, na Central Itatiaia de Apuração e foi produtora do programa Itatiaia Patrulha. Atualmente, cobre factual e é repórter da Central de Trânsito Itatiaia Emive.