A Justiça do Amazonas decidiu, nesta sexta-feira (12), derrubar o habeas corpus preventivo que mantinha em liberdade a médica Juliana Brasil Santos, investigada pela morte de Benício Xavier de Freitas, 6 anos. A criança morreu após receber adrenalina por via endovenosa, procedimento que não era indicado para o caso e que teria sido prescrito de forma equivocada.
Benício chegou ao Hospital Santa Júlia com suspeita de laringite e sintomas leves, como tosse seca. De acordo com o inquérito, a médica determinou lavagem nasal, hidratação e xarope, além de três aplicações de adrenalina de 3 ml a cada meia hora. A droga, porém, foi administrada diretamente na veia.
As mensagens trocadas entre Juliana e um colega de plantão revelam o momento em que ela percebe o erro. Em estado de pânico, escreve: “Eu errei na prescrição” e, logo depois, informa que o menino “está amarelo”. Ela pede ajuda urgente à equipe da UTI e tenta entender como solicitar o leito imediatamente. O colega tenta orientar, mas insiste para que ela pare de escrever e se concentre no atendimento.
O quadro de Benício piorou rapidamente. Ele foi levado à UTI, entubado e sofreu uma sucessão de paradas cardíacas. As manobras de reanimação não tiveram resultado, e a morte foi registrada às 2h55.
Um relatório do hospital, encaminhado à Polícia Civil, confirma que a médica assumiu ter prescrito de forma incorreta. O caso é apurado pela PC-AM e pelo Ministério Público, que analisam se houve responsabilidade criminal. O delegado Marcelo Martins chegou a pedir a prisão preventiva, sob acusação de homicídio doloso qualificado, mas o habeas corpus concedido inicialmente pelo Tribunal de Justiça impedia a detenção, situação agora revertida.
O Conselho Regional de Medicina do Amazonas (Cremam) também abriu investigação e afastou a médica e a técnica de enfermagem que participou do atendimento.
A família lamenta a perda e cobra responsabilização. “Queremos justiça pelo Benício”, afirmou o pai da criança.