Cidade do Maranhão tem shows cancelados pela Justiça em meio a escândalo de corrupção

Na última semana, o prefeito e a vice-prefeita de Turilândia foram presos em uma operação que investiga o desvio de R$ 56 milhões dos cofres públicos

A Justiça também notificou os artistas, como o cantor Zé Vaqueiro, de que, caso os cachês fossem pagos, os valores deveriam ser integralmente devolvidos

Por determinação da Justiça, que atendeu a um pedido do Ministério Público do Maranhão (MPMA), a prefeitura de Turilândia, no interior do estado, foi proibida de realizar os shows em comemoração ao aniversário de 31 anos do município, que estavam previstos para acontecer entre os dias 27 e 29 de dezembro. Entre as atrações previstas estavam o cantor Zé Vaqueiro, a cantora gospel Isadora Pompeo, a aparelhagem Cabarão e a dupla Silvânia Aquino e Berg Rabelo.

O MP questiona o alto custo dos eventos diante da carência de políticas públicas no próprio município. De acordo com o órgão, apenas o cachê de Zé Vaqueiro custaria cerca de R$ 600 mil, e o valor total do evento poderia ultrapassar R$ 1 milhão, considerando os gastos operacionais e logísticos.

No ofício, a promotora Rita de Cássia Pereira Souza, da Comarca de Santa Helena, afirmou que o município possui um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) baixo — 0,566 — e que o gasto de R$ 600 mil na contratação de um único artista é desproporcional à escassez de recursos públicos locais.

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Na decisão, a Justiça afirmou que foram encontradas irregularidades formais nos contratos do município. Como exemplo, a apresentação de Zé Vaqueiro não possuía o detalhamento obrigatório, conforme exigido pela Lei de Licitações, no Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP).

Os contratos dos demais artistas também não foram registrados na plataforma, o que, segundo a Justiça, compromete a legalidade dos atos.

A determinação previa que, caso os shows acontecessem, seria aplicada uma multa diária de R$ 100 mil, pessoalmente, ao prefeito e ao secretário de Cultura e Turismo. A Polícia Militar do Maranhão também foi notificada para garantir que os espetáculos não fossem realizados.

A Justiça ainda alertou os artistas de que, caso os valores acordados com o município fossem recebidos, o dinheiro deveria ser integralmente devolvido aos cofres públicos.

Rombo de R$ 56 milhões

A cidade de Turilândia, localizada a 157 km de São Luís, ganhou destaque em todo o Brasil após o prefeito, a vice-prefeita, a primeira-dama, integrantes da administração pública e vereadores da Câmara Municipal serem presos na última quarta-feira (24).

Eles são investigados por um suposto rombo nos cofres públicos superior a R$ 56 milhões.

Com a prisão e o afastamento do prefeito Paulo Curió (União Brasil) e da vice-prefeita Tânya Mendes (PRD), o presidente do Legislativo, vereador José Luís Araújo Diniz, conhecido como “Pelego” (União Brasil), assumiu a prefeitura interinamente.

A mudança na linha sucessória de Turilândia foi reconhecida em uma portaria publicada na última sexta-feira (26).

Na Câmara Municipal, com a saída temporária de Pelego, a vice-presidente da Casa, vereadora Inailce Nogueira Lopes (União Brasil), assumiu o cargo.

Os dois — agora prefeito interino e presidente da Câmara — também são investigados na Operação Tântalo II, a mesma que resultou na prisão de Curió e Tânya Mendes, e cumprem prisão domiciliar.

A Itatiaia tenta contato com os vereadores citados e com a prefeitura de Turilândia. O espaço segue aberto para manifestação das partes.

Graduada em Jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais, com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia, já foi produtora de programas da grade e repórter da Central de Trânsito Itatiaia Emive.

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