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Ciclista que morreu atropelada por juiz bêbado cuidava dos pais idosos

Thais Bonatti, de 30 anos, ficou dois dias internada, mas não resistiu. Ela voltava do trabalho, como auxiliar de cozinha, quando foi atropelada

Ciclista morreu após ser atropelada por juiz aposentado

A ciclista que morreu após ser atropelada pelo juiz aposentado Fernando Augusto Fontes Rodrigues Júnior, de 61 anos, em Araçatuba, interior de São Paulo, morava com os pais idosos e era responsável pelos cuidados com eles. A vítima, identificada como Thais Bonatti, de 30 anos, ficou dois dias internada, mas não resistiu.

Quando foi abordado pelos policiais, Fernando apresentava fala desconexa, falta de coordenação motora e forte odor etílico. Foi atestado que ele estava embriagado.

O juiz aposentado chegou a ser preso, mas foi solto no dia seguinte após pagar fiança de R$ 40 mil. Em nota, Fernando manifestou pesar pela morte da ciclista e disse não poder dar entrevistas por causa do sigilo do inquérito.

O irmão da vítima, William de Andrade, de 43 anos, espera Justiça após perder a única irmã. Ao Estadão, ele conta que os pais possuem diabetes e hipertensão e eram cuidados pela Thais.

“Enquanto a minha irmã estava indo trabalhar, ele estava voltando de uma casa noturna. É revoltante porque uma pessoa que passa horas bebendo e vai dirigir assume o risco de matar. Ele tem de responder pelo crime; tem de ser homicídio doloso”, disse William, de 43 anos, ao Estadão.

Ela voltava do trabalho, onde atuava como auxiliar de cozinha, quando foi atropelada. O juiz dirigia uma caminhonete modelo Ford Ranger, quando parou o veículo perto de um ponto de descarga de mercadorias de um supermercado na Avenida Waldemar Alves, no bairro Jardim Presidente, segundo a Polícia Civil.

Uma mulher nua estava com ele no carro e tentou sentar no colo dele. Fernando acelerou o carro de forma abrupta e passou com a caminhonete por cima de Thais, que seguia pela mesma rua de bicicleta.

O juiz aposentado foi encaminhado para a Delegacia Seccional e submetido a exame clínico de embriaguez. Inicialmente, o caso foi registrado como lesão corporal culposa, mas com a morte da ciclista foi reclassificado para homicídio culposo na direção de veículo automotor, ou seja, quando não há intenção de matar.

“Minha irmã sofreu demais. Teve fraturas na bacia e traumatismo craniano. Pessoas que passavam no local na hora do acidente falam que ela gritava muito de dor. Dizem que ela desmaiou”, conta William.

Thais foi socorrida em estado grave e encaminhada à Santa Casa da cidade. Ficou internada na UTI, passou por duas cirurgias para reparar fraturas, teve duas paradas cardiorrespiratórias durante os procedimentos, e morreu na madrugada de sábado.

“Ela trabalha em dois, três lugares para ajudar em casa. Era uma menina sem preguiça, tinha muitos sonhos e uma vida toda pela frente. Minha mãe está destruída. Ele acabou com uma família toda”, diz.

O representante comercial afirma que a família pretende acionar a Justiça.

“Está sendo difícil, muito triste ver o que minha irmã passou e o que a família toda está enfrentando. Queremos que a Justiça seja feita porque, independentemente de quem ele seja, é uma pessoa comum que tirou a vida de outra”, diz.

A Itatiaia procurou o Tribunal de Justiça de São Paulo para comentar o caso e aguarda retorno.

Com Estadão Conteúdo

*Sob supervisão de Lucas Borges

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Rebeca Nicholls é estagiária do digital da Itatiaia com foco nas editorias de Cidades, Brasil e Mundo. É estudante de jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNIBH). Tem passagem pelo Laboratório de Comunicação e Audiovisual do UniBH (CACAU), pela Federação de Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg) e pelo jornal Estado de Minas