Quando foi abordado pelos policiais, Fernando apresentava fala desconexa, falta de coordenação motora e forte odor etílico. Foi atestado que ele estava embriagado.
O juiz aposentado chegou a ser preso, mas foi solto no dia seguinte após pagar fiança de R$ 40 mil. Em nota, Fernando manifestou pesar pela morte da ciclista e disse não poder dar entrevistas por causa do sigilo do inquérito.
O irmão da vítima, William de Andrade, de 43 anos, espera Justiça após perder a única irmã. Ao Estadão, ele conta que os pais possuem diabetes e hipertensão e eram cuidados pela Thais.
“Enquanto a minha irmã estava indo trabalhar, ele estava voltando de uma casa noturna. É revoltante porque uma pessoa que passa horas bebendo e vai dirigir assume o risco de matar. Ele tem de responder pelo crime; tem de ser homicídio doloso”, disse William, de 43 anos, ao Estadão.
Ela voltava do trabalho, onde atuava como auxiliar de cozinha, quando foi atropelada. O juiz dirigia uma caminhonete modelo Ford Ranger, quando parou o veículo perto de um ponto de descarga de mercadorias de um supermercado na Avenida Waldemar Alves, no bairro Jardim Presidente, segundo a Polícia Civil.
Uma mulher nua estava com ele no carro e tentou sentar no colo dele. Fernando acelerou o carro de forma abrupta e passou com a caminhonete por cima de Thais, que seguia pela mesma rua de bicicleta.
O juiz aposentado foi encaminhado para a Delegacia Seccional e submetido a exame clínico de embriaguez. Inicialmente, o caso foi registrado como lesão corporal culposa, mas com a morte da ciclista foi reclassificado para homicídio culposo na direção de veículo automotor, ou seja, quando não há intenção de matar.
“Minha irmã sofreu demais. Teve fraturas na bacia e traumatismo craniano. Pessoas que passavam no local na hora do acidente falam que ela gritava muito de dor. Dizem que ela desmaiou”, conta William.
Thais foi socorrida em estado grave e encaminhada à Santa Casa da cidade. Ficou internada na UTI, passou por duas cirurgias para reparar fraturas, teve duas paradas cardiorrespiratórias durante os procedimentos, e morreu na madrugada de sábado.
“Ela trabalha em dois, três lugares para ajudar em casa. Era uma menina sem preguiça, tinha muitos sonhos e uma vida toda pela frente. Minha mãe está destruída. Ele acabou com uma família toda”, diz.
O representante comercial afirma que a família pretende acionar a Justiça.
“Está sendo difícil, muito triste ver o que minha irmã passou e o que a família toda está enfrentando. Queremos que a Justiça seja feita porque, independentemente de quem ele seja, é uma pessoa comum que tirou a vida de outra”, diz.
A Itatiaia procurou o Tribunal de Justiça de São Paulo para comentar o caso e aguarda retorno.
Com Estadão Conteúdo
*Sob supervisão de Lucas Borges