Comando Vermelho cobra mensalidade de balsas em garimpo no Mato Grosso

Mensagens são enviadas em grupos de WhatsApp em tom de ameaça a garimpeiros em Alta Floresta; avanço das facções na Amazônia preocupa especialistas

Presença de facções criminosas na Amazônia cresce 32% em um ano

Uma reportagem publicada pela Agência Brasil nesta quarta-feira (19) revelou mensagens em grupos de WhatsApp ligados ao Comando Vermelho (CV), orientando garimpeiros que atuam em Alta Floresta, no norte do Mato Grosso, a pagar mensalidades para operar balsas e escarientes, que são equipamentos usados na extração de minério em larga escala.

As mensagens, enviadas desde meados de outubro, informam que o pagamento tornou-se “obrigatório” e deve ser feito entre os dias 1º e 8 de cada mês. A facção também estabeleceu uma tabela de valores conforme o tipo de maquinário utilizado.

Em um dos trechos, um integrante do CV ameaça quem descumprir as ordens:
“Lembrando que aqueles que não estiverem fechando com nós será liberado o mesmo ser roubado e também ser brecado de trabalhar. Se por acaso insistir será queimado sua máquina e poderá perder até mesmo a própria vida por estar batendo de frente”.

As denúncias surgem no mesmo dia em que o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) divulgou, na COP 30, um estudo que revelou uma forte expansão das facções criminosas na Amazônia Legal. O crime organizado está presente em 344 dos 772 municípios, equivalente a 45% da região, o que indica um crescimento de 32% em um ano.

“O estudo mostra que essas facções veem nos crimes ambientais novas formas de ganhar e lavar dinheiro”, afirma Samira Bueno, diretora-executiva do FBSP. Ela alerta que qualquer política ambiental ou climática precisa considerar questões de “segurança e cidadania nos territórios”.

Estudante de jornalismo pela PUC Minas. Trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre Cidades, Brasil e Mundo.

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