Duas questões do Enem teriam sido vazadas por estudante 8 meses antes da prova

Questões foram validadas pelo Inep, que ainda não se pronunciou

Estudante de medicina diz ter participado de pré-teste do Enem e utilizado as questões resolvidas por ele para montar material de cursinho próprio

Edcley Teixeira, estudante de Medicina que dava mentorias sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), teria vazado respostas de duas questões do exame em março deste ano, oito meses antes da prova, segundo o g1.

O rapaz é o centro de uma grande polêmica envolvendo um suposto vazamento de questões da prova. Na semana passada, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) anulou três questões do exame devido a uma live feita por Edcley que teria disponibilizado as questões antes da aplicação da prova.

As duas questões que ele divulgou há oito meses são da prova de matemática, sendo uma de probabilidade (questão nº 178, 176, 169 e 172 das provas azul, cinza, amarela e verde) e outra sobre uma solução com concentração de 99,9% (questão nº 140, 144, 137 e 148 das provas azul, cinza, amarela e verde).

Ele divulgou as respostas das questões em 17 de março deste ano, em um grupo do WhatsApp. O Inep ainda não se pronunciou sobre essas questões.

Para conseguir as questões, Edcley pagava universitários que fariam uma prova em que eram testadas questões para o Enem para memorizá-las.

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Live com questões

Um universitário que diz ter participado de pré-teste do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) divulgou, dias antes do exame, questões idênticas aos itens que efetivamente caíram nas provas de Ciências da Natureza e Matemática deste ano. Após denúncias envolvendo o caso, o Inep anulou três questões e acionou a Polícia Federal (PF).

O estudante, chamado Edcley de Souza Teixeira, é aluno de medicina na Universidade Federal do Ceará (UFC) e vende monitoria para estudantes que também buscam uma aprovação. Nas redes sociais, Edcley publica conteúdos de preparação para o Enem e, principalmente, exercícios semelhantes aos do exame.

Muitas das questões apontadas como idênticas às da prova foram divulgadas em uma live feita no YouTube do universitário dias antes do Enem. A semelhança entre os itens foi reforçada pelo próprio Edcley, que diz ter aprendido “com profundidade a tendência do Enem”. Contudo, estudantes chamam atenção para números e alternativas idênticos aos do exame.

Em uma das questões divulgadas por Edcley como um dos acertos dele, é possível ver semelhança entre todos os números da questão. Neste exemplo, o universitário divulgou o print de uma mensagem enviada em um grupo no Whatsapp no dia 14 de março.

Junto com a questão, Edcley mencionou a seguinte mensagem: “Vou mandar uma questão do Prêmio Capes que errei para ver se vocês são mais espertos que eu”.

Nas redes sociais, Edcley Teixeira diz ter participado do Prêmio CAPES Talento Universitário, que, de acordo com ele, é usado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) para avaliar possíveis questões para o Enem.

Em 2023, o estudante divulgou um documento com questões que, segundo ele, estariam no Enem daquele ano. Em texto de apresentação, Edcley disse que contou com colaboração de cinco amigos que também participaram do suposto “pré-teste do Enem”.

“Com a colaboração de cinco amigos, conseguimos lembrar de 90 questões inéditas e, inspirado por suas contribuições, desenvolvi questões exclusivas e originais”, afirmou o universitário. “O Inep não possui o poder de censurar a memória de um estudante”, escreveu.

Estudantes apontam semelhanças entre questões divulgadas pelo universitário e itens do Enem também em outras edições.

Formada pela PUC Minas, é repórter da editoria de Mundo na Itatiaia. Antes, passou pelo portal R7, da Record.
Rebeca Nicholls é estagiária do digital da Itatiaia com foco nas editorias de Cidades, Brasil e Mundo. É estudante de jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNIBH). Tem passagem pelo Laboratório de Comunicação e Audiovisual do UniBH (CACAU), pela Federação de Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg) e pelo jornal Estado de Minas

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