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Consumo de álcool por mulheres dobra em quase duas décadas

Segundo especialistas, o crescimento é resultado com uma combinação de fatores

Álcool

O consumo de álcool entre o público feminino praticamente dobrou de 2006 para 2023, segundo dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde.

De acordo com os dados, o número passou de 7,8% em 2006 para 15,2% em 2023. O impacto é maior em mulheres jovens e negras.

Segundo especialistas, o crescimento é resultado com uma combinação de fatores: a presença feminina em espaços sociais - anteriormente ocupadas apenas por homens -, o marketing direcionado às mulheres, sobrecarga de trabalho, responsabilidades financeiras e o trabalho doméstico.

Questões psicológicas, como traumas e abusos, que desencadeiam transtornos mentais, também podem desencadear o consumo excessivo de álcool.

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“O álcool tem múltiplos rostos, desde a cantora pop famosa até a dona de casa, mãe de família”, apontou a vice-presidente da Associação Brasileira de Estudos em Álcool e Drogas (Abead) e professora da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB).

O grande problema é que apenas uma em cada 18 mulheres com diagnóstico de uso de substâncias psicoativas está em tratamento. Um estudo da USP em 2021 em um grupo de Alcoólicos Anônimos (AA) apontou que as mulheres não se sentiam confortáveis em partilhar suas questões de dependência em grupos de atendimento mistos por serem frequentemente alvo de assédio e discriminação sexista.

Comparado aos homens, mulheres têm mais danos graves ao organismo quando ingerem doses mais baixas: para homens, cinco ou mais doses são necessárias para configurar uso excessivo, enquanto para mulheres são necessárias quatro doses. Isso porque a metabolização do álcool é diferente no organismo feminino.

No Brasil, o álcool provoca a morte de 105 mil pessoas ao ano, sendo 14% de mulheres.

*Com Agência Senado

Formada pela PUC Minas, é repórter da editoria de Mundo na Itatiaia. Antes, passou pelo portal R7, da Record.