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Banco internacional destaca crescimento do Brasil, mas faz alerta para inflação

Entidade destaca o crescimento do país na América Latina, mas alerta para os riscos como inflação, incertezas globais e necessidade de vigilância dos bancos centrais

Possível alta dos juros acelera crescimento da dívida pública, apontam especialistas | CNN Brasil

O Banco de Compensações Internacionais (BIS) destacou que, apesar da moderação econômica na América Latina, o Brasil se sobressai com forte demanda interna, sustentada por um mercado de trabalho aquecido e medidas fiscais.

Segundo o relatório anual divulgado neste domingo (29), o Brasil foi uma exceção na região, registrando crescimento do PIB de 1,4% no primeiro trimestre de 2025. No entanto, a inflação persistente no país tem forçado o Banco Central a elevar os juros, o que preocupa a entidade conhecida como o “banco central dos bancos centrais”.

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Em relação à inflação, o BIS alertou que, embora o movimento de queda nos preços prossiga em várias economias globais, na América Latina o processo tem sido mais lento. Brasil, Chile e Colômbia enfrentam desafios inflacionários impulsionados por fatores como demanda interna aquecida, reajustes de preços regulados e desvalorização cambial. Como resposta, o Banco Central brasileiro elevou recentemente a Selic para 15% ao ano, patamar que, segundo o mercado, deve ser mantido até o fim de 2025, com cortes esperados apenas a partir de janeiro de 2026.

O relatório também destacou a preocupação das famílias, tanto em economias avançadas quanto emergentes, com o risco de um novo salto inflacionário. Pesquisa do BIS mostra que a expectativa média de inflação para os próximos 12 meses é de 8%, apesar da taxa real estar próxima de 2,4%. Esse descompasso entre expectativa e realidade pode influenciar diretamente o comportamento econômico, conforme apontado por Hyun Song Shin, chefe do Departamento Monetário e Econômico da instituição.

Contexto internacional

Outro ponto crítico abordado pelo BIS é o impacto da política comercial dos Estados Unidos, especialmente as tarifas adotadas durante a gestão de Donald Trump. O banco alerta que essas medidas elevaram a incerteza econômica global, afetando projeções de crescimento e dificultando o controle da inflação. Esse cenário torna a convergência da inflação para as metas dos bancos centrais mais desafiadora, exigindo atenção redobrada das autoridades monetárias.

Por fim, o relatório trata de questões fiscais e de estabilidade institucional. O BIS observa que a trajetória da dívida pública em várias economias preocupa e exige ajustes urgentes. A instituição também defendeu firmemente a independência dos bancos centrais, especialmente diante de pressões políticas como as que vêm sendo feitas por Trump contra o presidente do Fed, Jerome Powell.

Além disso, destacou a necessidade de uma regulação mais abrangente para o mercado de swaps cambiais, que atingiu US$ 111 trilhões em 2024, com grande participação de instituições não bancárias, cuja atuação requer vigilância mais rigorosa.

* Com informações da Agência Estado

Graduado em jornalismo e pós graduado em Ciência Política. Foi produtor e chefe de redação na Alvorada FM, além de repórter, âncora e apresentador na Bandnews FM. Finalista dos prêmios de jornalismo CDL e Sebrae.