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De 7h às 13h: em meio à crise no INSS, agências de BH seguem funcionando no horário reduzido na pandemia

Beneficiários que vão às agências da Previdência Social de Belo Horizonte têm encontrado os locais fechados caso cheguem após 13h

Agência da Rua dos Tupinambás, no Centro de BH, fechada às 15h da quinta-feira, 22 de maio

Com as fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) aliadas às necessidades usuais dos beneficiários, milhares de brasileiros têm buscado suporte do órgão pelo telefone e pelo aplicativo “Meu INSS”. No entanto, esses canais têm apresentado instabilidade para os usuários e, por isso, muitos tentam resolver as pendências nas agências da Previdência Social. Só que quem vai aos locais depois das 13h, em Belo Horizonte, encontra as unidades fechadas.

Isso porque, desde 2020, com a Pandemia da Covid-19, as unidades passaram a funcionar de 7h às 13h, e o expediente reduzido foi mantido até os dias atuais. Antes, o funcionamento se estendia até as 17h. Com quatro horas a menos de abertura ao público, os beneficiários estão com dificuldades para acessar o atendimento presencial.

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“Problema vai se arrastando”

Esse é o caso de Washington Gonçalves, que foi a uma agência do INSS em BH para buscar uma procuração para o cunhado e voltou para casa sem conseguir resolver o problema. “Aqui fecha cedo demais e tem vez que não abre. Aí o problema vai só ser arrastando. Eles falam para eu vir amanhã e, depois, empurra para depois de amanhã", conta. Na agência da Previdência Social da Rua Tupinambás, no Centro de Belo Horizonte, a reportagem da Itatiaia encontrou vários outros beneficiários que foram ao local e não conseguiram atendimento.

Quem chega lá depois das 13h dá de cara com o portão fechado - com uso de corrente - e com homens que ofertam empréstimo consignado a aposentados bem na porta do órgão. E cabe a eles explicarem que a agência está fechada e que só abre em horário reduzido.

Quem busca informações pela internet também tem problemas - enquanto para outras unidades do INSS há aviso claro de que a abertura é só até 13h, essa da rua Tupinambás não fornece informação alguma.

O que fazer para ser atendido no INSS?

No caso dos aposentados lesados pela fraude cometida pelas associações, o INSS propôs uma alternativa para atendimento presencial: a partir de 30 de maio, o suporte será dado nas agências dos Correios. Apesar disso, a medida não soluciona as questões dos outros beneficiários, com problemas sobre a aposentadoria e outros benefícios, que não estão conseguindo resolver as pendências online ou por telefone.

Com isso, as queixas têm se acumulado no portal ‘Reclame Aqui’ e, só neste ano, os serviços do INSS já foram alvo de 4366 reclamações. São muitos os relatos de pessoas que buscam atendimento por telefone, esperam por longos períodos e, quando atendidas, são informadas que o sistema está fora do ar. Outras, informam que quando ligam no número 135 a ligação não completa ou cai. Há também aqueles que tentaram resolver a situação pelo aplicativo e pelo site “Meu INSS”, mas a página apresenta erro ou fica fora do ar.

A situação provoca a indignação dos beneficiários que, muitas vezes, precisam dos pagamentos via INSS para custear necessidades básicas, como água, energia elétrica, gás e comida."É um desrespeito com as pessoas. Porque tem gente que vem de longe para ser atendido. Eu sei que o horário de funcionamento aqui é só na parte da manhã de 7h às 13h, mas eu já passei aqui por volta de meio-dia, 12h30 e já estava fechado. Eles não atendiam mais ninguém”, comenta Ébio Romão, que está afastado pelo INSS.

O horário de funcionamento e quantidade agências pelo Brasil, quando comparado ao número de beneficiários, dá uma conta que não fecha. Em 2023, o INSS fornecia mais de 39 milhões de benefícios voltados para aposentadorias, pensões e outros auxílios. E, segundo o presidente do instituto, Gilberto Waller, para atender essa demanda existem 1.570 agências distribuídas em pouco mais de 700 municípios grandes do Brasil.

O que diz o INSS?

A Itatiaia procurou Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e questionou o horário reduzido de atendimento das agências e as falhas nos canais de atendimento do instituto, mas não recebeu uma resposta sobre os questionamentos. A assessoria de imprensa informou que “neste momento se faz prioridade o tratamento de informações sobre o plano de ressarcimento de descontos associativos” e que, por isso, a resposta para os questionamentos seria mais lenta.

Ana Luisa Sales é jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Na Itatiaia desde 2022, já passou por empresas como ArcelorMittal e Record TV Minas. Atualmente, escreve para as editorias de cidades, saúde e entretenimento