Ouvindo...

Vítimas das enchentes aguardam por moradias definitivas no RS

Moradias prometidas estão em fase inicial ou ainda não foram iniciadas

Diversas regiões foram devastadas pelas enchentes de maio de 2024 no Rio Grande do Sul

Há cerca de dois meses, o casal Danilo Hiedt e Liana Maria de Quadros mora em um contêiner de concreto, instalado no local onde será construído um novo bairro em Cruzeiro do Sul, no Vale do Taquari, uma das regiões mais devastadas pelas enchentes de maio de 2024 no Rio Grande do Sul. Antes, a família passou por abrigos temporários e viveu na casa de parentes. Embora o novo loteamento represente uma luz no fim do túnel, as moradias definitivas prometidas ainda estão em fase inicial ou, em muitos casos, nem começaram a ser construídas.

A enchente

“Lá saiu tudo de arrasto, tudo que nós tínhamos, a casa inteira, os animais de criação, como bois de canga, ferramentas”, relembra Danilo, agricultor de 65 anos, sobre a devastação provocada pelas águas do Rio Taquari, que superaram a cota de inundação de 30 metros acima do nível normal em maio. O casal foi forçado a se refugiar em uma canoa, resistindo por horas até o resgate.

Liana, de 64 anos, ainda em recuperação de uma cirurgia no fêmur, passou a madrugada dentro da embarcação, enfrentando as águas geladas. “Eu tinha que tomar meus remédios e bebi a água da enchente. Só deu tempo de pegar quatro bergamotas do pé, que a gente dividiu para comer. Era só o que tinha”, conta Liana, recordando os momentos de desespero. Os relatos foram feitos à Agência Brasil.

A tragédia afetou profundamente a região, que contabilizou 184 mortes, com 13 vítimas em Cruzeiro do Sul. Além disso, cerca de 20 pessoas ainda estão desaparecidas, de acordo com a Defesa Civil estadual. A situação tem sido um desafio contínuo para os moradores, que seguem lutando por um lar definitivo.

Leia também

Moradias temporárias, auxílio e apoio governamental

O novo loteamento que está sendo construído em Cruzeiro do Sul, em parceria com o governo estadual e a prefeitura, será denominado Novo Passo da Estrela, em homenagem ao bairro que foi completamente destruído. As primeiras 480 moradias definitivas devem ser entregues até o final desse ano.

Contudo, enquanto isso, as famílias continuam em contêineres temporários, com 27 m², contendo um dormitório, sala, cozinha conjugada e banheiro.

Danilo e Liana receberam o Auxílio Reconstrução, do governo federal, no valor de R$ 5,1 mil, que ajudou a recuperar parte das perdas materiais. Contudo, o casal espera que as promessas de moradias definitivas sejam cumpridas dentro do prazo estipulado. A previsão é que as primeiras casas sejam entregues até o final deste ano.

Além disso, o programa federal ‘Minha Casa, Minha Vida’ prevê a entrega de 500 novas unidades habitacionais, enquanto outras 50 famílias foram beneficiadas com o programa Compra Assistida, que oferece até R$ 200 mil para a compra de imóveis existentes.

A situação em outros municípios

Em outros municípios do Vale do Taquari, a realidade é semelhante. Em Estrela, 516 famílias estão recebendo aluguel social enquanto aguardam por suas casas definitivas, com mais 800 unidades habitacionais previstas. Em Muçum, o governo municipal anunciou a construção de 17 residências fora da área de inundação, enquanto em Lajeado, a previsão é de 700 casas definitivas até 2025.

Em Arroio do Meio, a demanda por novas moradias chega a 700 unidades. No entanto, a burocracia tem sido um dos maiores obstáculos para que as obras avancem mais rapidamente, conforme lamenta o prefeito Sidnei Eckert, também à Agência Brasil.

Não foi apresentado pelo município o balanço sobre o andamento das iniciativas de realocação para os perderam suas casas.

*Com informações da Agência Brasil

*Sob supervisão de Felippe Drummond

Izabella Gomes é estagiária na Itatiaia, atuando no setor de Jornalismo Digital, com foco na editoria de Cidades. Atualmente, é graduanda em Jornalismo pela PUC Minas