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PMs que executaram homem cego por engano durante operação em SP se tornam reús

Uma das vítimas foi confundida com um criminoso que assassinou um policial da ROTA; os agentes foram afastados de suas funções e realocados na área administrativa

A Operação Verão acontece na Baixada Santista, litoral sul de SP.

A Justiça tornou os policiais militares Nielson Barbosa Medeiros e Tiago Morato Maciel réus pela execução de duas pessoas, entre elas um homem com deficiência visual, ao longo da Operação Verão, na Baixada Santista, litoral Sul de São Paulo. As mortes ocorreram em fevereiro do ano passado, em São Vicente (SP).

Os PMs também foram afastados de suas funções e realocados na área administrativa interna da corporação. A denúncia do Ministério Público pelo crime de homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e com emprego de recurso que dificulta a defesa da vítima foi aceita pelo Tribunal de Justiça.

O caso

No dia 7 de fevereiro de 2024, Hildebrando Neto, de 24 anos, foi confundido com um criminoso e executado pelos policiais. Ele era cego de um olho e tinha apenas 20% de visão no outro.

Enquanto Davi Gonçalves Junior presenciou o crime e, de acordo com as investigações, foi morto como ‘queima de arquivo’.

No boletim de ocorrência do caso, os agentes declararam que entraram na casa de Hildebrando porque a porta estava aberta, havia uma denúncia de tráfico de drogas no local, e porque, “quando adentraram num segundo cômodo, foram surpreendidos por Hildebrando, que apontou uma pistola”.

Os policiais relataram que atiraram três vezes em legítima defesa. Davi Gonçalves, amigo de Hildebrando, estava junto com ele no momento e também foi morto sob a mesma justificativa.

A versão apresentada pelos PMs não se sustenta, segundo o MP, pois Hildebrando era incapaz de manusear, empunhar e disparar arma de fogo. Ele tinha “capacidade de discernir formas a menos de 30 centímetros”.

O laudo necroscópico do Instituto Médico Legal também apontou que os dois tiros que mataram Hildebrando foram efetuados a uma distância de 50 a 70 centímetros, ou seja, a vítima foi baleada sem saber o que estava acontecendo.

Segundo o laudo, o disparo na região lateral do tórax da vítima ainda sugere que o braço de Hilderbrando estava levantado, possivelmente em um movimento de defesa ou rendição. Hilderbrando foi morto por ter sido confundido com Kaique Coutinho do Nascimento, conhecido como Chip, apontado como assassino do policial Samuel Wesley Cosmo da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota).

No ano passado, a Operação Verão foi deflagrada em resposta à morte de Samuel com intuito de localizar o autor do crime.

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Yuri Cavalieri é jornalista e pós-graduando em política e relações internacionais. Tem mais de 12 anos de experiência em rádio e televisão. É correspondente da Itatiaia em São Paulo. Formado pela Universidade São Judas Tadeu, na capital paulista, onde nasceu, começou a carreira na Rádio Bandeirantes, empresa na qual ficou por mais de 8 anos como editor, repórter e apresentador. Ainda no rádio, trabalhou durante 2 anos na CBN, como apurador e repórter. Na TV, passou pela Band duas vezes. Primeiro, como coordenador de Rede para os principais telejornais da emissora, como Jornal da Band, Brasil Urgente e Bora Brasil, e repórter para o Primeiro Jornal. Em sua segunda passagem trabalhou no núcleo de séries e reportagens especiais do Jornal da Band.