Uma mulher, de 57 anos, natural dos Estados Unidos, denunciou que foi estuprada por um funcionário do Hotel Blue Tree, na região da Avenida Paulista, no Centro de São Paulo. O caso ocorreu em 27 de setembro do ano passado. A informação foi revelada à Itatiaia pela defesa da vítima.
A mulher veio ao Brasil e se hospedou no local, que fica na Rua Peixoto Gomide. No último dia de viagem, ela foi até a recepção e pediu o jantar e uma garrafa de vinho. O funcionário do hotel teria se oferecido para acompanhá-la até o quarto, “para ajudá-la a abrir e servir”. Ela aceitou por acreditar que esse era um procedimento comum.
Ao subirem para o quarto, a norte-americana teria sido agarrada e beijada à força. Apesar de dizer “não” várias vezes e tentar se desvencilhar, o homem não parou. Ela relatou que ele a empurrou para a cama, levantou sua saia e cometeu o crime. Em seguida, o homem fugiu.
Leia também:
Polícia procura quadrilha que roubou e fez babá e criança reféns em bairro nobre de SP PF prende nove em operação contra quadrilha que usa aviões para tráfico em quatro estados Polícia descobre ‘sobrado da maconha’ com climatizador e sistema de duto em SP
Após ser violada, a vítima entrou em contato com colegas de trabalho para pedir ajuda. Segundo ela, foi pedido auxílio a outros funcionários do hotel que estavam na recepção, mas eles teriam se negado a ajudar e a ligar para polícia.
A defesa afirma que durante as investigações foram colhidos laudos periciais que confirmaram lesões compatíveis com violência física e sexual, além da presença de sêmen nas regiões vaginal e anal da vítima. Também foram constatadas lesões corporais nas pernas e braços da mulher.
Além disso, a vítima ficou internada cerca de 26 dias em uma clínica psiquiátrica, onde passou a tomar medicamentos para ansiedade e depressão.
Em abril deste ano, o homem foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo e tem audiência de instrução e julgamento marcada para janeiro de 2026.
O que diz a defesa do Hotel Blue Tree?
Em nota enviada à Itatiaia, os escritórios Vicente Monteiro Advogados e Fabra Siqueira, Carceles & Boechat Advogados, representantes da empresa, informaram que “o processo mencionado tramita sob segredo de justiça”.
Completam dizendo que “assim que foi comunicada do ocorrido pela hóspede, a equipe do empreendimento seguiu rigorosamente o Protocolo ‘Não Se Cale’, instituído pela Câmara Municipal de São Paulo (Lei nº 17.951/2023), garantindo sua segurança, acolhimento e acompanhamento por representante do hotel durante todo o procedimento, até a lavratura do boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher”.
A empresa “reafirma que coopera integralmente com as autoridades e mantém seu compromisso com a ética, a legalidade e o respeito. Reitera, ainda, que o bem-estar e a segurança de hóspedes, colaboradores e parceiros são prioridades absolutas e que não compactua com qualquer conduta imprópria em seus empreendimentos”.
Nota da defesa da vítima na íntegra
“O escritório Grassi Novaes Advocacia representa uma cidadã norte-americana que foi estuprada por um funcionário de um hotel da rede Blue Tree Paulista, em São Paulo, em setembro de 2024. A vítima, de 57 anos, estava na cidade para um evento corporativo e, naquela noite, havia pedido comida e vinho ao hotel. O funcionário, então, se ofereceu para levar os itens até o quarto e, ao entrar, a violentou sexualmente.
Durante as investigações foram colhidos laudos periciais que confirmaram lesões compatíveis com violência física e sexual, além da presença de sêmen e registros de câmeras de segurança que mostram o autor do crime entrando e saindo do quarto da vítima. O inquérito foi concluído e encaminhado ao Ministério Público do Estado de São Paulo, que, em abril deste ano, ofereceu denúncia pelo crime de estupro. Há audiência de instrução e julgamento agendada para o dia 27 de janeiro de 2026.
A vítima, que retornou aos EUA após o crime, ainda enfrenta sérias consequências psicológicas, tendo passado por internação em uma clínica psiquiátrica. Ela segue em tratamento e busca retomar sua vida com o apoio da família e dos profissionais que a acompanham.
Paralelamente, buscamos uma indenização no valor de USD 150 mil junto ao Blue Tree por danos morais e materiais, considerando que a rede hoteleira não prestou auxílio à vítima em nenhum momento. No entanto, o hotel há meses tem imposto obstáculos às tratativas e, até o momento, não houve avanço significativo. Reforçamos que o caso veio a público recentemente em razão da denúncia oferecida pelo Ministério Público e de estratégias adotadas pelas bancas de advocacia, nas esferas cível e criminal. Além disso, os autos correm sob sigilo, razão pela qual não é possível disponibilizar cópias do inquérito policial ou de documentos internos do processo.
A expectativa da vítima e de suas advogadas é de uma condenação justa, diante da gravidade dos fatos. Seguimos atuando para que a justiça seja feita e para que a vítima obtenha o reconhecimento e a reparação que merece.”