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Com preço do botijão nas alturas, brasileiros são forçados a buscar gás na Bolívia

Enquanto botijão de 13kg custa cerca de R$ 130 no Brasil, na Bolívia é vendido por apenas R$ 20, levando consumidores a cruzar a fronteira em busca de economia

O preço do gás de cozinha no Brasil atingiu patamares alarmantes, forçando muitos brasileiros a recorrerem a uma solução drástica: viajar até a Bolívia para comprar botijões a preços mais acessíveis. Enquanto no Brasil o recipiente de 13 quilos é comercializado por aproximadamente R$ 130, no país vizinho o mesmo produto custa apenas R$ 20.

Segundo dados do Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis (IPEAD) da UFMG, o preço médio do botijão de gás em Belo Horizonte subiu mais de 5% em 2024. Em dezembro de 2023, o valor médio era de R$ 113, passando para quase R$ 119 no final de 2024. Embora o aumento seja menor que a inflação na capital mineira no período, o preço continua sendo um fardo pesado para a maioria das famílias brasileiras.

Subsídios e concentração de mercado

A discrepância de preços entre Brasil e Bolívia é explicada, em parte, pelos subsídios que o governo boliviano oferece aos produtores. No Brasil, a situação é agravada pela concentração do mercado nas mãos de poucas empresas, o que contribui para a manutenção dos preços elevados, segundo o consultor de mercado de gás Alexandre Borgagli.

A situação tem gerado críticas quanto à atuação das empresas estatais brasileiras no setor. Especialistas argumentam que deveria haver um limite para o preço praticado por essas empresas, considerando o impacto social do produto, especialmente para as famílias de baixa renda.

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Impactos sociais e alternativas perigosas

O alto custo do gás de cozinha tem levado muitas famílias a buscarem alternativas perigosas, como o uso de etanol, lenha e até serragem para cozinhar. Essas práticas aumentam o risco de acidentes domésticos, especialmente queimaduras, afetando principalmente crianças.

O programa Vale Gás, criado pelo governo federal para auxiliar famílias de baixa renda na compra do botijão, tem sido criticado. Especialistas apontam que, diante da necessidade de escolher entre comida e gás, muitas famílias optam por usar o benefício para comprar alimentos, recorrendo a métodos alternativos e potencialmente perigosos para cozinhar.


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Ita
A Ita é a Inteligência Artificial da Itatiaia. Todas as reportagens produzidas com auxílio da Ita são editadas e revisadas por jornalistas.
Formado em jornalismo pela PUC Minas, foi produtor do Itatiaia Patrulha e hoje é repórter policial e de cidades na Itatiaia. Também passou pelo caderno de política e economia do Jornal Estado de Minas.
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