O rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, que completa 9 anos no próximo dia 5 de novembro, foi tema da prova do Enem 2024.
Uma das questões da prova propunha uma reflexão sobre os impactos da tragédia. “A questão apresentou um recorte cultural, destacando que, em tragédias como essa, as perdas são maiores do que os bens materiais. O candidato tinha de refletir sobre os vínculos de pertencimento que caracterizam os espaços sociais”, diz Lígia Albuquerque, coordenadora e professora de Filosofia e Sociologia do Elite Rede de Ensino.
Paulo Fernandes, consultor pedagógico do SAS Educação, analisa que a questão buscava provocar reflexão sobre as consequências desse tipo de desastre, que gera impacto na história das comunidades e no sentido de pertencimento dos atingidos.
Outros assuntos
A redação do Enem tratou da “Valorização da herança africana”. Para os professores, a dificuldade do tema foi “mediana” e era esperado que os estudantes valorizassem, por exemplo, as palavras da língua portuguesa que têm origem africana.
A crise climática foi parte da prova. “Havia duas questões que direcionaram para isso. A primeira envolve a mudança do clima nas cidades brasileiras e os alunos tinham de fazer a relação com a implantação de parques públicos, pois a arborização nestes parques ajuda a minimizar os problemas relacionados à mudança do microclima urbano”, diz a professora de Geografia do Elite Rede de Ensino, Juliana Przybysz.
“A segunda está relacionada ao desmatamento da Amazônia e a intensidade de chuvas, já que o corte das árvores diminui a evapotranspiração e, consequentemente, a formação de chuvas”, acrescenta.
Confira o gabarito completo do Chromos para o primeiro dia de provas do Enem 2024
Tragédia de Mariana
A barragem de Fundão, em Mariana, se rompeu em 5 de novembro de 2015. De responsabilidade da Samarco, que tem como sócias a Vale a a BHP Billiton, a barragem despejou toneladas de rejeitos de minério no meio ambiente e destruiu o distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG). Cerca de 50 municípios dos estados do Espírito Santo e Minas Gerais foram atingidos, sendo que os rejeitos contaminaram o Rio Doce e seus afluentes até chegar ao Oceano Atlântico, no Espírito Santo.
No último dia 25 de outubro foi assinada a repactuação do Acordo de Mariana, com o objetivo de ressarcir de forma mais justa os estados e as populações atingidas, além de resolver as indenizações sem aguardar o processo judicial. Na mesma semana, começou o julgamento da BHP Billinton na Inglaterra, onde tramita uma ação coletiva de reparação.
- Acordo de Mariana: saiba valores das indenizações e obras previstas na nova repactuação
- Acordo de Mariana: representante dos atingidos diz que comunidade não foi ouvida
O desastre está prestes a completar 9 anos. Dezenove pessoas morreram por causa do rompimento da barragem.
Com informações do Estadão Conteúdo