Os três pilotos tripulantes do voo LA8073, da companhia aérea Latam, foram demitidos devido ao incidente no qual o avião bateu a cauda ao decolar em Milão, conforme informações do G1. A situação ocorreu em julho deste ano, e conforme investigações da autoridade de aviação italiana o procedimento falhou porque dados errados foram colocados no computador de bordo.
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Na época, a aeronave 777-300 decolou do aeroporto de Malpensa, na Itália, com destino à Guarulhos, em São Paulo, mas precisou continuar voando para dispensar parte do combustível e, em seguida, retornou ao local. Não houve feridos no incidente e os passageiros foram remanejados para outros voos.
À Itatiaia, a Latam afirmou que não irá comentar sobre as demissões.
O engenheiro de Aerodinâmica e Performance, Jefferson Fragoso afirmou ao Estadão que a situação foi aconteceu porque o avião decolou com menos velocidade do que era necessário para o peso que ele carregava.
"(O relatório) não fala o porquê que estavam inseridos esses cálculos. Pode ter sido um erro de cálculo, uma digitação errada, erro de cálculo do peso do avião... A investigação vai descobrir porque isso aconteceu”, afirma. Por isso, não é possível saber se houve ou não erro do piloto”, afirmou.
O que é Tail Stike?
O coordenador dos cursos de aviação do Centro Universitário Una, Kerley Oliveira, explica que o “Tail Strike”, também conhecido como choque de cauda, é uma situação rara, mas mais comum de acontecer durante as decolagens, mas também podem ocorrer durante os pousos.
“Ele acontece quando, às vezes, o piloto exagera no ângulo de ataque [posicionamento necessário para o avião levantar voo], se ele elevar muito ele pode tocar a cauda lá trás”, esclarece.
Segundo Oliveira, outro fator que pode causar o choque de cauda é o desbalanceamento da aeronave. “Em alguns casos, quando a distribuição do peso interno da aeronave, dos passageiros, do combustível e da carga, joga o centro de gravidade do avião para trás. Nesse caso, mesmo que o piloto tenha atingido o ângulo certo para decolagem, o avião é jogado para trás”, pontua.
O professor ainda comenta que, no caso do voo da Latam, a companhia aérea fez o correto em retornar a aeronave ao aeroporto de origem. Segundo ele, em situações como essa é preciso entender se o choque da cauda na pista causou algum dano estrutural à aeronave.
"[O impacto] pode ter danificado alguma superfície de controle de voo da aeronave, e isso poderia levar a uma situação mais crítica durante o voo. Por isso, o correto é abortar a decolagem, caso ainda tenha condições. Nesse caso, não tinha como abortar e o piloto decolou, mas voltou ao aeródromo para fazer essa análise e tirar realmente todas as dúvidas com relação à estrutura da aeronave. Pode ter sido só um arranhão ou quebrado alguma parte da aeronave. Só uma inspeção vai dizer”, disse.