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Lewandowski demite PRF que ensinou a como torturar suspeitos com spray de pimenta

Vídeo ensinando método de tortura foi divulgado após a morte de Genivaldo de Jesus Santos, asfixiado dentro de uma viatura da PRF, em 2022; demissão não tem a ver com episódio

Ronaldo Braga Bandeira Júnior ficou conhecido após ensinar alunos de um cursinho preparatório para o concurso da PRF a como torturar suspeitos

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, demitiu o agente Ronaldo Braga Bandeira Júnior do quadro da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Em 2022, Bandeira Júnior ficou conhecido por aparecer em um vídeo ensinando alunos de um cursinho preparatório para o concurso da PRF a como torturar suspeitos com spray de pimenta.

A decisão foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) do dia 25 de julho deste ano. Apesar da polêmica do vídeo, que veio à tona após a morte de Genivaldo de Jesus Santos, asfixiado dentro de uma viatura da PRF em maio de 2022, o ministro atribuiu a demissão de Bandeira Júnior a uma infração disciplinar.

“Demitir Ronaldo Braga Bandeira Júnior, Policial Rodoviário Federal do Quadro de Pessoal da Polícia Rodoviária Federal, matrícula SIAPE nº 1880239, pelo cometimento da infração disciplinar prevista no inciso X do artigo 117 da Lei nº 8.112/90 (participar de gerência ou administração de sociedade privada)”, diz trecho da portaria assinada por Lewandowski.

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Questionada pela Itatiaia, a PRF confirmou que o processo administrativo disciplinar (PAD) que resultou na demissão do agente não trata-se sobre o vídeo em que ele ensina supostos métodos de tortura da instituição. Sobre esse fato, um outro PAD foi instaurado.

Em relação a infração cometida ao participar de uma sociedade privada, a PRF explica que o processo é referente a “propriedade de curso preparatório para concurso público”.

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Nas redes sociais, o ex-agente comentou sobre a demissão. “Depois de tudo que passei referente ao processo que me acusava de algo que não fiz e acabei sendo absolvido, de forma justa, quando achei que tudo tivesse acabado e que, enfim, tudo estaria bem, fui surpreendido com a abertura de um processo em que era acusado de gerência de empresa. Após muitas provas e diligências, havia sido também absolvido de forma ampla. Porém, após um pedido de reabertura (por qual motivo? Não sei!) conseguiram me demitir da instituição”, escreveu.

Bandeira Júnior também alfinetou os responsáveis pela condução do processo. “Quero dar os parabéns a todos os envolvidos, que neste momento devem estar comemorando. Em breve farei um vídeo e falarei tudo que sei e jogarei toda m**** no ventilador! Mas não tem problema… agora posso deixar a empresa mais forte e agora sim cuidar e administrar (como nunca fiz) a empresa e entregar o melhor aos alunos”, disse dando a entender que a empresa citada na demissão seria o cursinho preparatório para carreiras policiais.


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Fernanda Rodrigues é repórter da Itatiaia. Graduada em Jornalismo e Relações Internacionais, cobre principalmente Brasil e Mundo.