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Entidades apoiam decisão da Anvisa em dificultar venda e prescrição do Zolpidem

A Associação Brasileira do Sono (ABS) e a Associação Brasileira de Medicina do Sono (ABMS) apoiam o aumento da restrição; entidades afirmam que alertam sobre os riscos do uso irregular do medicamento há anos

Abuso e uso irregular do medicamento fizeram Anvisa endurecer regras

A Associação Brasileira do Sono (ABS) e a Associação Brasileira de Medicina do Sono (ABMS) repercutiram, nesta quinta-feira (16), a decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em aumentar as restrições para a prescrição e venda do remédio Zolpidem, usado no tratamento para insônia.

Com a decisão, o medicamento passará a conter a tarja preta em sua embalagem e o profissional que prescrevê-lo precisa estar cadastrado junto a autoridade de vigilância sanitária local. Segundo a Anvisa, a decisão foi tomada após o órgão verificar um aumento do uso irregular do medicamento.

As entidades afirmam que fazem alertas sobre os frequentes relatos do abuso de zolpidem, efeitos adversos e o uso do medicamento sem acompanhamento profissional há anos. Por isso, a ABS e ABMS consideram que a aprovação fará com que o uso do zolpidem seja indicado e acompanhado por um profissional que poderá prescrever o tratamento de forma adequada, evitando o aumento de efeitos colaterais.

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“A ABS vem nos últimos anos participando de forma ativa no combate ao uso abusivo do zolpidem. Esta resolução da Anvisa aumenta o controle do uso do zolpidem, visando em última análise privilegiar a boa indicação em benefício dos nossos pacientes”, afirma Luciano Drager, presidente da Associação Brasileira do Sono.

Em entrevista à Itatiaia, o coordenador da Associação Brasileira do Sono em Minas Gerais e do departamento de medicina do sono da Associação Brasileira de Psiquiatria, Almir Ribeiro Tavares Júnior, afirma que considera a decisão da Anvisa um acerto.

“O grande problema com o zolpidem é a automedicação. Por isso, a decisão é bastante acertada. Inclusive, nós que pedimos a Anvisa. Eu creio que isso vai inibir um pouco esse uso abusivo e excessivo. Isso vai mostrar para as pessoas que essa não é uma medicação tão simples assim”, afirma.

Ainda segundo as instituições, o zolpidem é indicado para o tratamento da insônia inicial e de manutenção. Mas a doença exige um tratamento multifatorial, baseado em medidas comportamentais, terapia psicológica e o uso de medicação quando indicado.

“O uso inapropriado da medicação, isto é, doses além das recomendadas assim como o uso fora do período estabelecido para dormir, aumentam o risco de dependência, tolerância e consequências graves como alucinações causando danos morais, financeiros e físicos. Os riscos dos efeitos indesejáveis graves são potencializados na associação do uso do zolpidem à ingestão de bebida alcoólica e outros sedativos”, informaram as entidades em comunicado.

Mas, afinal, o que é o zolpidem e para quê ele serve?

O Zolpidem é um medicamento criado para tratar a insônia. Conforme o psiquiatra Lucas Souza, o remédio tem uma ação hipnótica no Sistema Nervoso Central que ajuda a induzir o sono. Ele é receitado para pessoas que têm dificuldade quanto para os que têm insônia de curta duração, ou seja, aquelas em que a pessoa tem dificuldade para começar o sono. Pacientes que acordam várias vezes durante a noite também podem tomar o remédio sob prescrição médica.

Por ser um remédio de efeito hipnótico, como dito acima, o essencial é que ele seja tomado antes de se deitar, sem outras distrações, para que não aconteça alguma situação inusitada durante o efeito do remédio. “Quando essa pessoa toma o remédio e fica com o telefone na mão a ser utilizado, o efeito hipnótico do Zolpidem pode começar, mas essa pessoa pode continuar acordada, portanto ela pode ter essa alteração de percepção”, contou o médico.

*Com informações de Maria Fernanda Ramos


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Fernanda Rodrigues é repórter da Itatiaia. Graduada em Jornalismo e Relações Internacionais, cobre principalmente Brasil e Mundo.