A pequena Muçum, cidade no Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul, vive o pesadelo de ter mais de 80% da sua área urbana inundada pela terceira vez em apenas oito meses. O município de 4.961 habitantes
Agora, o prefeito Mateus Trojan (MDB) afirma ser urgente pensar em novas formas de evitar desastres como os vividos pela cidade em tão pouco tempo. “Boa parte das áreas atingidas sequer tinham risco de serem alagadas. O que aconteceu em setembro de 2023 fugiu do esperado. Mas agora vimos que o padrão de chuvas mudou. Então, a partir dos eventos do ano passado começamos a pensar em alternativas”, disse à Itatiaia.
Trojan estima que 30% da área urbana da cidade tenha que ser remanejada para áreas mais altas, que não correm o risco de serem inundadas. “Esse número representa as áreas que estão em risco iminente de alagamento, em locais próximos às margens do rio Taquari”, afirmou.
Mas para que isso aconteça é preciso recursos, aterrar o novo local, construir casas e, o mais importante, desapropriar as terras para onde os moradores das áreas de risco serão levados. “Hoje esses terrenos são propriedades privadas. Eles são usados para plantar madeira, como o eucalipto”, explica. Para tentar acelerar o processo, o prefeito afirma que pede para que ele seja desburocratizando diante a situação da cidade.
Muçum fica às margens do rio Taquari. No dia 1° de maio, o rio chegou ao maior nível da sua história,
“Já tínhamos passado por um desastre em setembro de 2023 que, além da destruição da cidade, matou 20 pessoas. Entre elas, há dois corpos que ainda não foram localizados. Quando estávamos recomeçando uma nova reconstrução, fomos atingidos novamente. Dessa vez, além da inundação, tivemos o agravante dos deslizamentos, o que gerou a obstrução de vias e nos isolou do restante do estado, impedindo o auxílio externo. Mas destaco que dessa vez não tivemos mortos, nem desaparecidos”, comenta o chefe do executivo.
Com cerca de 85% do município debaixo d'água, os moradores foram levados para abrigos públicos, na própria cidade de Muçum, enquanto outros foram para a casa de parentes em outras cidades. O único hospital da cidade funciona a base de geradores, já que a energia elétrica ainda não foi reestabelecida no município.
Questionado sobre outras formas de prevenir enchentes avassaladoras como as três últimas, o prefeito diz que espera uma ajuda do governo estadual. “A gente já está fazendo ações regionais para evoluir os estudos e compreender as possibilidades de obras estruturais. Mas Muçum fica na bacia hidrográfica do rio Taquari, que é muito grande. Todo projeto de engenharia precisa ter um estudo de como isso vai impactar as outras cidades (ao longo do rio), além de licenças ambientais. Isso foge do alcance dos municípios. É preciso um projeto de estado para resolver”, afirma.
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Como ajudar?
Segundo as autoridades, desabrigados e desalojados que foram acolhidos pela Defesa Civil precisam não só de alimentos, como também de colchões, roupas de cama e banho e também cobertores. Quem mora na região de Porto Alegre pode contribuir presencialmente no Centro Logístico da Defesa Civil Estadual (avenida Joaquim Porto Villanova, 101, bairro Jardim Carvalho, Porto Alegre).
Além de receber doações de vários itens, as autoridades permitem a doação de qualquer tipo de valor em dinheiro. Para permitir a colaboração de pessoas de outras cidades e estados, o Governo do Estado criou uma chave Pix para receber doações. Quem quiser contribuir, pode fazer um Pix para o CNPJ 92958800000138.